Crítica do filme Sombras da Vida (A Ghost Story), de David Lowery e por que vale a pena vê-lo
Um
homem recém falecido volta como um fantasma de lençol branco para consolar sua
esposa.
Com
essa simples sinopse nos aventuramos a assistir ao filme. A primeira coisa em que
pensamos é que vai ser um filme amargo que vai tirar lágrimas da gente. A
segunda coisa em que pensamos é que vamos desligar a TV e fazer alguma coisa mais
interessante.
O
filme é parado. Tem momentos em que ficamos minutos vendo o personagem não
fazer nada ou fazendo a mesma coisa repetidas vezes. Também temos longos
momentos sem nenhum tipo de som. Observamos um fantasma de lençol
observando sua esposa.
A
parte mais interessante no começo é ele encontrando uma fantasminha na casa
vizinha.
Por
30 minutos, a história não parece andar, mas quando ela começa, tudo faz
sentido.
O
tempo não passa para o fantasma, vemos tudo ao redor dele mudar e ele continuar
o mesmo. Nesse momento, percebemos porque o filme é parado no começo. Para que
sintamos o mesmo, que tudo ao nosso redor passa, mas ficamos estagnados. E é
nesse sentimento que acabamos nos apegando aos fantasmas.
Ambos
esperam por alguma coisa. A fantasminha, por alguém de quem ela nem se lembra, e
o principal, por algo que não sabemos.
Sentimos
a dor deles, sentimos sua solidão, sentimos sua aceitação, sentimos sua morte.
Quando
começa a ter sons, ficamos tensos ou esperançosos, porque sabemos que algo vai
acontecer.
E
no fim do filme, realmente são arrancadas lágrimas de nossos olhos. Aquilo que
era desinteressante se torna de uma sensibilidade tão profunda que chega a ser
impossível não se sentir abalado.
Assuntos
como amor, perda, a necessidade de se conectar com alguém, o sentido daquilo
que te prende em um momento, a aceitação e a evolução a partir deste momento, o
significado da existência e o tempo são discutidos em uma obra de arte que
parece tão simples, mas que assusta com o decorrer da história.
Talvez
seja menos assustador enfrentar um fantasma do que esses assuntos que nos
cercam.
E
com um filme tão pouco conhecido, me surpreendo lindamente.
Nota:
4 fantasminhas
Observação da Ana: Considerado por uns tantos o melhor filme do ano, não passou no cinema. Disponível em home video.
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