A Mulher na Janela, de A. J. Finn (Editora Arqueiro)
Não é paranoia se está realmente
acontecendo.
Anna
Fox vive sozinha em uma bela casa com janelas que dão para seus vizinhos. Sofrendo de
agorafobia e separada de sua filha e de seu marido, Anna não faz nada além de
jogar xadrez virtual, ajudar outras pessoas com agorafobia em uma página
virtual, beber vinho e abusar de medicamentos pesados, e, principalmente, bisbilhotar
seus vizinhos pelas janelas de sua casa.
De volta ao número 212, onde Rita e
o engenheiro se despem às pressas. Eu até poderia descobrir o telefonema dela e
avisar. Mas não vou fazer isso. Bisbilhotar é como fotografar a natureza: a
gente não interfere no que está vendo.
Com
a chegada dos Russels, seus novos vizinhos, Anna se concentra totalmente neles
e também acaba se aproximando da mãe e do filho, quando estes a visitam algumas
vezes. Contudo, um dia espiando a casa de seus novos vizinhos, ela vê mais do
que deveria e acaba tendo de provar para todos que o que viu foi verdadeiro.
A
Mulher na Janela é um thriller viciante, cada capítulo te leva a querer ler o
próximo para descobrirmos mais e mais da história de Anna.
Wesley costumava dizer,
parafraseando Einstein: “A definição de insanidade, Fox, é repetir a mesma
coisa o tempo todo e esperar resultados diferentes”. Então pare de pensar e
comece a agir.
Uma
terapeuta com agorafobia, fobia essa que foi causada por um acidente. Também
separada da filha e do marido, mesmo ambos se amando. O maior mistério do livro
não é nem saber quem é o vilão, ou se há um vilão, e sim o que aconteceu com a personagem principal.
Infelizmente
Anna foi uma personagem de que eu não consegui gostar, não dava para simpatizar com
ela, ainda mais porque todas as situações ruins foram causadas por ela mesma. Uma
agente da saúde que faz tudo errado para se livrar da doença, que espia seus
vizinhos, que julga os outros de forma precipitada. Anna é o tipo de pessoa bem
desagradável.
Uma doida aos olhos dos vizinhos.
Uma piada aos olhos da polícia. Um caso especial aos olhos do terapeuta. Uma
encarcerada. Longe de ser uma heroína de cinema. Longe de ser uma detetive.
E
temos o crime em torno do qual gira o livro, mas será que houve um crime? Por beber
vinho demais, ainda por cima misturado com medicamentos psicotrópicos (os que
mexem com o Sistema Nervoso Central), não sabemos se tudo que ela viu foi
inventado ou aconteceu de verdade. E a trama gira em volta disso de uma forma
muito bem escrita, enquanto nos pincela relances da história de Anna e de como ela
desenvolveu a fobia.
E
é a escrita que salva o livro. Rápida,
fluida e interessante, você acaba devorando a história, ainda mais quando
chegamos ao ápice do passado da personagem que se confronta com o presente e
choca da maneira mais deliciosa possível os leitores.
E tenho plena consciência (sinto um
frio na barriga ao pensar nisso) de que não estou utilizando esses medicamentos
como e quando deveria. Pelo menos nem sempre. As doses duplas, as doses
esquecidas, as doses misturadas com álcool... Fielding ficaria furioso. Preciso
dar um jeito nisso. Não pretendo chutar o balde.
Command + Q, e tchau Excel. Agora
sim, vamos àquele vinho.
Infelizmente
temos o final frio do livro. Talvez a leitura nos leve a nos decepcionarmos com o
final porque ela é emocionante no seu meio para termos um balde de água fria nas nossa expectativas.
Então
por causa do final, aquele que sempre nos empolga, mas que nesse livro apenas
decepciona, que o considero um livro regular.
-Anna Keriênina. Mas não importa. O
que importa é que está errado. Nenhuma família, feliz ou infeliz, é igual a
outra. Aliás, Tolstoi falou muita bobagem. Lembre-se disso.
Nota:
3 taças de vinho
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