O Homem de Giz, de C. J. Tudor (Editora Intrínseca)
O problema é que nenhum de nós chegou a um acordo sobre
quando de fato tudo começou. Foi quando Gav Gordo ganhou um balde de giz de
aniversário? Quando começamos a desenhar figuras de giz ou quando elas
começaram a aparecer do nada? Foi aquele acidente terrível? Ou quando
encontraram o primeiro cadáver?
Em 1986, Eddie e seus amigos
pedalam pela vizinhança procurando pelo quê? Aventuras. Em uma delas, no parque, Eddie se depara com um acidente e junto com o seu futuro
professor, Sr. Halloran, ele salva uma garota.
Aproximando-se desse
professor, ele aprende uma brincadeira de códigos secretos por meio de homenzinhos
de giz. Cada um de seus amigos tem uma cor de giz, mas nenhum deles tem a cor
branca. Contudo, porque essa cor aparece sempre que ocorre um desastre?
É verdade. Mas as duas coisas estavam interligadas. Ovo e
galinha. Quem veio primeiro? Os homens de giz ou as mortes?
E um dia, seguindo as
orientações do homem de giz branco, eles acham um corpo despedaçado.
Já em 2016, depois de muito
tempo sem se verem, um amigo de Eddie volta para a cidade por causa de um cartão
com o Homem de Giz que cada uma das crianças que acharam o corpo, agora
adultos, recebeu. E esse amigo fala que sabe quem matou a pessoa 30 anos antes,
porém, ele morre antes de revelar o assassino.
Assim Eddie começa a
investigar o assassinato de muito tempo atrás, por temer que cada um deles seja
a próxima vitima do Homem de Giz.
“Você não precisa correr mais do que a fera, só tem que
correr mais que a pessoa mais lenta” Para o meu pesar, eu era a pessoa mais
lenta.
O Homem de Giz é um dos
melhores livros de suspense que já li. Alternando entre o passado e o presente,
acompanhamos a história pelo olhar de Eddie e vamos aos poucos adentrando os
mistérios do livro.
E o encantador do livro é
justamente isso. É um mistério atrás do outro, que nos prende e nos leva a submergirmo-nos na
trama do livro. A autora não se contenta em se concentrar apenas no assassinato
da pessoa desmembrada, ela nos serve um prato cheio de diversos pequenos crimes
que vão crescendo e se desvelando aos poucos.
-“Os idiotas correm para onde os anjos têm medo de pisar”. Já
ouviu esse ditado?
-Não, senhor. O que significa?
-Bem, a meu ver, significa que é melhor ser idiota do que ser
anjo.
O final foi maravilhoso,
poucos finais me surpreendem, mas o desse livro realmente é arrasador. A forma
como ele se desenvolve nos faz realmente nos aproximarmos dos personagens e
sentirmos uma pontada de realidade em um livro sombrio e sóbrio.
C. J. Tudor nos dá as pistas
aos poucos e constrói uma rede de segredos e revelações emocionantes que nos
prendem e não nos decepcionam. Tudo tem sua explicação, e mesmo aquilo que
não tem uma explicação detalhada, contém uma história tão forte por trás que não
precisamos de detalhes para ouvirmos e compreendermos os atos dos personagens.
Não gostava de mentir para Hoppo, mas há coisas que não se
pode compartilhar nem com os melhores amigos. As crianças também têm segredos.
Às vezes, mais do que os adultos.
O livro também não trata
apenas do suspense. Em suas páginas, vemos criticas ao fanatismo, exaltação a
liberdade das pessoas em relação ao seu corpo e sua forma de amar. Critica o
julgamento preconceituoso contra o que é diferente e também pondera sobre o que
acabamos fazendo quando o que está em jogo é algo do qual gostamos.
O Homem de Giz não foi só um
dos melhores suspenses, mas também foi um dos melhores livros que li nesse ano.
A história em si é apenas uma narrativa, contada por aqueles
que sobreviveram a ela.
Nota: 4 caixinhas e meia de
giz.
E uma das melhores quotes:
-Mais uma vez, obrigado. Há a possibilidade de você baixar o
volume do branquelo irritado com problemas com o pai?
-Isso se chama rock, vovô.
-Foi o que eu disse.
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