A Noite Devorou o Mundo, um filme de Dominique Rocher
Sam é um escritor de 36 anos, solitário e
anti-social. Uma noite, ele vai a uma festa organizada por Fanny, uma jovem que
ele cobiça, no apartamento parisiense. Durante a festa, após falhar em sua
tentativa de seduzir Fanny, ele adormece sozinho numa sala isolada. Na parte da
manhã, o apartamento está vazio e as ruas, repletas de zumbis.
A Noite Devorou o Mundo é um filme francês de
zumbi inspirado no livro homônimo escrito por Pit Agarmen.
Em uma época em que estamos saturados de
filmes, séries, HQs e livros de zumbis, não esperamos nos surpreender com uma
história desse tema. Felizmente, A Noite Devorou o Mundo apresenta uma
perspectiva diferente e prende a atenção do espectador.
Estamos acostumados com aqueles filmes de ação em que
os personagens correm atrás de uma cura ou por suas vidas, sempre correndo,
sempre perdendo alguém. Por isso pode haver duas reações ao filme.
A primeira é a decepção, porque ele não segue essa
linha de filmes cheios de ação.
A segunda é o interesse, pois foge do que
estamos acostumados.
Temos um filme que trata com certa delicadeza a
condição humana. Vemos a preocupação de Sam com os familiares. Sua preocupação
pela mãe que nunca passaria por cima de ninguém e que, de acordo com ele teve
uma morte digna, igual à de todas as outras pessoas.
Também notamos que não foram só os humanos que
perderam alguma coisa. Os zumbis também. Para isso, foi utilizado o zumbi Alfred
que fica preso junto com nosso protagonista e é sua única companhia durante um
tempo. Pelo Alfred nos é mostrado que mesmo mortos-vivos também estão perdidos, como os humanos.
A solidão também é outro tópico bem manejado no
filme. Como o personagem vai ficando cada vez mais perturbado com o passar do
tempo. Como ele tenta viver uma vida normal mesmo estando sozinho, mas mesmo
assim é atingido. Mesmo sendo pouco social e sozinha, será que a pessoa
realmente conhece a verdadeira solidão?
O medo e a pressão que Sam sofre também são
muito bem demonstrados. E o respeito pelos outros seres humanos que ele
encontra mortos e mesmo assim realiza um funeral simples, mas cheio de
representatividade e sentimento.
Ou
seja, A Noite Devorou o Mundo é pouco filme de zumbi e muito filme filosófico.
Ele apenas se aproveitou de um tema para se aprofundar em outros temas bem mais
complexos e por isso achei surpreendente.
Surpreendente,
mas não consideraria um ótimo filme. Mesmo sendo filosófico, não chega a ser um
filme que inova nas questões. Como dito antes, não apresenta praticamente ação
nenhuma e passa em grande parte em um monólogo de Sam.
Tendo
apenas dois momentos que podem ser considerados ápices do filme, as sua 1 hora
e 40 minutos parece levar bem mais tempo.
E o
final é decepcionante, mesmo entendendo muito bem o que ele quis passar, ao
chegar nele a única coisa que passou pela minha cabeça foi: “É só isso?”. E
sim, era só aquilo.
Por
sorte temos uma sonografia maravilhosa. As músicas deram vida (vida, huh? Em um
filme de zumbi... rsrsrs) ao filme.
A
Noite Devorou o Mundo é um filme interessante de se assistir quando não se tem
nada para fazer. Mas é um filme que será assistido apenas uma vez, porque não é
tão interessante assim para ser revisto.
Nota:
2 corpos encontrados no caminho.
P.S.:
Tive a oportunidade de ler um pedaço do livro (apenas dois capítulos) e se ele
for escrito daquele jeito do começo ao final eu super indico apenas assistir ao
filme e fugir da obra literária.
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