“Em Busca do Tempo de Agora”, o 29° Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo exibe 323 filmes, de 53 países, entre 23 de agosto e 02 de setembro
Ministério
da Cultura, Governo do Estado de São Paulo-Proac ICMS, Spcine, Secretaria
Municipal de Cultura, SESC SP e Kinoforum apresentam
“Em
Busca do Tempo de Agora”, o 29° Festival Internacional de Curtas Metragens de
São Paulo exibe 323 filmes, de 53 países, entre 23 de agosto e 02 de
setembro
Tema da edição se foca no presente e em questões
em pauta no Brasil e no mundo, como deslocamentos humanos, mundo digital,
política, identidade, negritude, feminismo, memória e sexualidade
Comandada por Cavi Borges, a Cavídeo –
produtora, distribuidora e uma das últimas locadoras de vídeo no país – completa
21 anos e ganha uma mostra com 21 curtas para celebrar a vitória de sua resistência
cultural
Entre os programas especiais estão “70 Anos da Declaração dos Direitos Humanos”, que celebra a carta
transformadora da sociedade mundial, “A Juventude de Herzog e Wenders”, com os
primeiros filmes realizados pelos dois diretores alemães, “A Suíça em Foco” e
“A Quinzena dos Realizadores” de Cannes
O Festival Internacional de
Curtas Metragens de São Paulo chega à sua 29ª edição entre os dias 23
de agosto a 02 de setembro de 2018. Dirigido por Zita Carvalhosa e organizado pela Associação
Cultural Kinoforum, o evento
exibe gratuitamente 323 filmes
de 53 países em seis salas de cinema da capital – MIS,
CineSesc, Cinemateca Brasileira, Espaço Itaú Augusta, Cinusp, CCSP, além
de 17 espaços participantes do Circuito Spcine.
Com o tema “Em Busca do Tempo de Agora”, a edição destaca filmes pautados em
questões do presente, no Brasil e no mundo: a comunicação digital, a
representação política, a imigração e nova vida dos refugiados, o feminismo e a luta diária das mulheres
por direitos iguais, a homossexualidade e a transexualidade, o empoderamento de
minorias e ainda o preconceito racial. Mas também faz um resgate do passado, buscando
referências que nos ajudam a compreender o momento que vivemos.
“A seleção de filmes é um retrato
do agora apresentado por meio do audiovisual e diferentes pontos de vista.
Precisamos nos reconectar com o que é importante e urgente hoje e pensarmos na
construção de um futuro melhor”, diz Zita Carvalhosa.
A programação é dividida em três
partes: as mostras principais Internacional, Latino-Americana e Programas Brasileiros, que
revelam um panorama do cinema atual; os Programas
Especiais, com atrações já tradicionais do festival, como a Mostra Infantojuvenil
e o retorno da sessão de terror, além de novidades a cada edição; e as Atividades Paralelas, que incluem
debates e workshops, como o Curta & Mercado e os Kinoforum Labs.
MOSTRAS PRINCIPAIS
A Mostra Internacional reúne 64 filmes, selecionados a partir de 2477 inscritos na categoria. Além
de curtas de nações de forte tradição audiovisual, como França, Reino Unido e
Estados Unidos, há preciosidades como “Outro
dia de Sol”, de Tim Huebschle, da
Namíbia, o que permite que o público faça uma viagem ao redor do mundo ao
entrar em qualquer uma das suas sessões.
Os deslocamentos humanos seguem na pauta internacional. O
documentário suíço “Hamama & Caluna”,
de Andreas Anuuk Muggli, acompanha os dois personagens do título que, esquecidos
em um campo de refugiados no norte da Itália, decidem cruzar a fronteira pelos
Alpes. Mas também há obras que abordam estes imigrantes já nos locais em que se
estabeleceram, como o francês “Deglet
Nour”, de Sofiane Halis, sobre Ismael e seu novo trabalho: cobrir o guarda
e cuidar do cachorro em uma obra.
Grandes nomes da literatura estão na
mostra. Da França, “Ele disse Amor”, dirigido por Inés Sedan, traz Charles Bukowski lendo seu poema “Love” para uma plateia animada em
São Francisco. Já o norte-americano “Hiato”,
de Vivian Ostrovsky, apresenta Clarice
Lispector, pouco antes de sua morte, na Copacabana de 1977.
Curtas premiados
nos principais festivais de cinema do mundo também integram a seleção. É o caso
de “Essas Criaturas Todas”, de Charles
Williams, da Austrália, que recebeu a Palma
de Ouro em Cannes 2018, e “Três
centímetros”, de Lara Zeidan, do Reino Unido, vencedor do Teddy Bear em Berlim 2018.
A Mostra Latino-Americana tem 29 curtas, escolhidos entre quase 250
inscritos, que percorrem a região de ponta a ponta, do México ao interior da
Argentina.
Mais uma vez, a Colômbia recebe grande espaço no programa e aponta diversidade de
formatos – ficção, documentário e animação – e temáticas. Exibido nos festivais
de Sundance, Veneza e Clermont-Ferrand, “Terra
Molhada”, de Juan Sebastián Mesa, é um representante do país. Conta a
história de Oscar, que vive com os avós em uma humilde casa de campo, que está
no meio de um grande projeto hidrelétrico.
“Negra
Sou”, de Laura Bermúdez, é o primeiro
filme de Honduras a participar do Festival. Ele retrata três mulheres e uma
menina da primeira comunidade garífuna – grupo étnico formado pela miscigenação
de índios caraíbas com escravos africanos – da história do país.
O argentino “As Flores”, de Renzo Cozza, eleito o
melhor curta do Bafici – Festival Internacional de Cinema Independente de
Buenos Aires – e com participação da conhecida atriz Inés Efron, acompanha Ana, que vive em silêncio, mas precisa pedir
um favor a uma amiga. Também da Argentina, dirigido por Dana Gómez, “Eva” é uma mulher transexual que dedica
a vida a ajudar crianças como assistente social em sua pequena cidade.
A espiritualidade
também é tema da mostra e está presente no curta mexicano “Águas Tranquilas, Águas Profundas”, de Miguel Labastida González. Depois de tentar o suicídio, Aurora se
vê presa entre o misticismo da religião e medidas psiquiátricas prescritas pela
mãe.
Os Programas Brasileiros reúnem 109 curtas, de 18
estados, selecionados em meio a 711 inscritos de todo o país, revelando um
panorama diverso do audiovisual nacional e bastante calcado em nosso tempo
presente e complexo.
Na Mostra Brasil estão 53 deles e questões
sociais são vistas até nos filmes mais subjetivos, como “O Órfão”, de Carolina Markowicz (São Paulo). Inspirado em fatos
reais, conta a história de Jonathas, que é adotado, mas é devolvido logo
depois, por ser diferente dos outros garotos. Com Clarisse Abumjara no elenco, o curta que estreou na “Quinzenda do
Realizadores “ em Cannes, recebeu o Queer
Palm, prêmio para filmes com temática LGBT.
Protagonizado por Lea Garcia, “Acúmulo”, de Gilson Mendes Junior (Rio de Janeiro), segue o
dia-a-dia de Lete, uma senhora frágil que passa os dias recolhendo nas ruas de
Nilópolis tudo o que seu marido carpinteiro poderia consertar. Também do Rio, “Adeus à Carne”, dirigido por Julia Anquier, mostra três garotas que se
divertem durante o Carnaval em uma festa movida a drogas, mas um homem cruza o
caminho delas e comete um erro terrível e sofrerá consequências.
Do Acre, estado que só teve quatro
representantes em toda a trajetória do Festival (e que não aparece na
seleção desde 2001), é “Xinã Bena”, filme
de Dedê Maia, que revela as transformações sociais, políticas, econômicas e
culturais vividas pelo povo Huni Kui, do rio Jordão. E de São Paulo, vêm outros
dois destaques da mostra: “Uma Bala”,
de Piero Sbragia, documentário que aborda o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, que quase cinco meses
depois permanece sem solução, e “Maria”,
de Vinicius Campos, uma adaptação do conto homônimo de Conceição Evaristo, sobre uma empregada doméstica que reencontra o pai
do seu primeiro filho.
Para o Panorama Paulista foram
escolhidos 24 curtas da capital e interior de São Paulo, em que temas como
moradia e o direito de ir e vir são assuntos recorrentes.
Em “Kairo”, de Fabio
Rodrigo, a atriz Vaneza Oliveira (da
série “3%”, da Netflix) interpreta uma assistente social que precisa tirar um
menino da escola, na periferia da cidade, para uma difícil conversa. “O Sonho de Eder”, de Sofia Amaral,
documenta a vida do universitário indígena Eder, entre a falta de alternativas
de subsistência e a forte influência da religião evangélica.
Dois nomes conhecidos no Brasil, mas não como curta-metragistas,
estão na mostra estadual. Diretor de novelas, minisséries e longas, como “Olga”
e “O Vendedor de Sonhos”, Jayme
Monjardim apresenta “Diário de um
Compositor em Viagem”, um registro da rotina do compositor Alexandre Guerra
durante a gravação da trilha de um filme, em Budapeste e Paris. Já o artista
visual Nuno Ramos dirige “Lígia”, uma edição do Jornal Nacional
em que seus apresentadores e repórteres “cantam” a música de Tom Jobim.
No Cinema em Curso estão curtas realizados em 14
escolas de audiovisual, de oito estados brasileiros. Entre os inscritos
brasileiros, os filmes de estudantes representaram 30% do total, destacando produções
bastante engajadas, como “Afronte”, de
Bruno Victor e Marcus Azevedo (Distrito Federal), que mistura ficção e
documentário para mostrar o processo de transformação e empoderamento de um
jovem negro e gay. “O Caos, as Trevas e
a Mulher”, de Maria Clara Arbex (Bahia), aborda a construção da
feminilidade e as imagens que foram impostas às mulheres.
Compõem ainda os Programas Brasileiros, as Oficinas
de Audiovisual e
as Oficinas Kinoforum, com filmes de oficinas de
realização que pontuam a diversidade de novos olhares de comunidades de todo o
país.
PROGRAMAS ESPECIAIS
Entre as mostras especiais da 29ª edição do Festival
Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, a Cavideo: 21 anos em 21 curtas é mais que uma
homenagem ao realizador e empreendedor do audiovisual Cavi Borges, é a
celebração da “vitória da resistência cultural no Brasil”, em suas palavras.
Produtora que mais faz filmes no país (10 longas e
15 curtas por ano, em média) e distribuidora que mais lança filmes no cinema
brasileiro (4 por ano, segundo a Ancine), é também uma das últimas locadoras
que existem. Inspiração para quem faz e vive do cinema independente, o projeto está
representado em curtas como “Depois da Chuva”, dirigido pelo próprio
Cavi Borges, sobre uma mulher solitária e exilada numa cidade distante, que
escreve sua vida num diário. Ele também participa da tradicional sessão Do
Curta ao Longa com o novo documentário “Salto no Vazio”, que tem
codireção de Patricia Niedermeier.
70 Anos da Declaração dos Direitos Humanos celebra a carta transformadora da sociedade mundial, com 12 curtas
brasileiros de diferentes épocas e diretores, tem 12 curtas brasileiros de
diferentes épocas e diretores, que abordam temas como o direito à vida e à liberdade. Um
deles é “O
Dia em que Dorival Encarou a Guarda”, de José Pedro Goulart e Jorge
Furtado, vencedor dos festivais de Gramado e Havana em 1986. O personagem
enfrenta tudo e todos para conseguir o que quer: tomar um banho dentro de uma
prisão militar.
Dois grandes representantes do cinema
alemão são tema de A Juventude de Herzog e Wenders, que apresenta os primeiros curtas realizados
pelos dois diretores. “Hércules” (1962) é o
trabalho de estreia de Werner Herzog, que busca já a sutil transgressão do mero
documentário e evoca um tema central de suas obras: o ridículo da revolta
titânica. Já “Silver City Revisitada”
(1968) revela uma obsessão de Wim
Wenders por paisagens vistas de uma série de janelas de apartamentos em
Munique.
O programa Suíça em Foco, que conta com o
apoio da Swiss Films, reúne três programas com temáticas diversas. Entre eles,
“Uma Outra Suíça” revela uma visão diferente da país, se afastando dos clichês
normalmente relacionados a ele. “Disciplina”,
de Christophe Saber, é um dos curtas deste programa. Um pai perde a paciência
com a filha desobediente dentro de um supermercado e a repreende. Um cliente
intervém e logo uma discussão se forma e sai do controle.
Em uma nova fase, com novo nome, Terror na Tela
mostra que o cinema de gênero é, acima de tudo, uma forma de
resistir. Os filmes foram selecionados a partir dos inscritos no Festival, como
o finlandês “Massacre”, de Ilja
Rautsi, sobre uma mulher que tenta desesperadamente sobreviver a uma horda de
homens de egos frágeis, que querem explicar tudo para ela.
Pelo terceiro ano na programação, Diferente como
Todo Mundo traz filmes escolhidos
pelo Festival International du Film sur
le Handicap, da França, a respeito de pessoas com deficiência e uma seleção
brasileira, que inclui “Profanação”,
de Estela Lapponi, sobre cinco artistas – um surdo, dois com baixa visão, um
cadeirante e um periclitante –, que se encontram para responder perguntas do que
há de bom e de ruim em ser o que são.
A parceria do Festival com a Quinzena dos
Realizadores resulta em dois programas neste ano. O primeiro
apresenta cinco destaques da última edição de Cannes, como o colombiano “Nossa Canção Para Guerra”, de Juanita
Onzaga, que investiga personagens da floresta para entender como espíritos e
humanos se encontram para aprender a vida após o fim da guerra. O filme integra
também a Mostra Latino-Americana. O segundo programa reúne curtas do projeto A Fábrica,
de Dominique Welinski, que estará
presente no Festival.
Outra atração que já faz parte do calendário
do Festival é a Mostra Infantojuvenil, que chega a sua 14ª edição.
Indicados para crianças de 06 a 10 anos, os Programas
Infantis são divididos em duas sessões. Na primeira,
estão produções de diversos países, que apresentam diferentes realidades e assuntos
importantes para a vida no nosso planeta, desde um rio poluído no Espírito
Santo até a luta de um urso polar para sobreviver diante das consequências do aquecimento
global. A segunda aproveita a
comemoração dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos para falar
dos direitos da criança. Um dos filmes infantis selecionados é “Embaixadores do Cosmos”, de Béla Klingl (Hungria), que acompanha a primeira visita de uma civilização alienígena à Terra.
Já no Programa Juvenil, para os que têm de 10 a 14 anos, estão
quatro curtas brasileiros que abordam questões atuais e relevantes para essa
faixa etária, como a descoberta da sexualidade, o racismo e a dificuldade da
procura do primeiro emprego, como “Peripatético”,
de Jéssica Queiroz. Em meio às demandas do início da vida adulta, o filme – que
também está na Mostra Brasil – mostra um evento histórico em maio de 2006, em
São Paulo, que muda a vida de Simone, Thiana e Michel para sempre.
A Mostra Infantojuvenil traz ainda atividades gratuitas
para crianças e jovens na Cinemateca Brasileira. No dia 25 de agosto (sábado),
a Oficina de Desenho e Meio Ambiente
é comandada pelo ilustrador Pedro Menezes,
que propõe que os participantes façam desenhos a partir do seu livro, “Urso
Alfredo e o Mistério na Neve”, em diálogo com o filme “Ghostbear”, exibido no Programa Infantil 1. No dia 26 (domingo), a Oficina de Maquiagem, com a atriz e
maquiadora Fabí Sampaio, permitirá
que as crianças escolham uma maquiagem e com ela, criem pequenas cenas de
curtas-metragens. Monitores acompanham a maquiagem e gravação, que acontece
logo após a sessão do Programa Infantil 2.
ATIVIDADES PARALELAS
Neste ano, o Festival Internacional
de Curtas-Metragens de São Paulo tem em sua programação de atividades paralelas
o Curta & Mercado –
Encontro de Profissionais sobre a Comercialização de Conteúdos Audiovisuais de
Curta Duração. Com rodadas de negócios entre agentes, realizadores e players
que exibem e licenciam curtas-metragens, como Arte 1, Canal Brasil e Sesc TV, também
aborda temas complementares, como acessibilidade comunicacional.
Outro destaque, os Kinoforum Labs são laboratórios para
projetos audiovisuais. O Curta Projetos
reúne profissionais atuantes no mercado, como a diretora Juliana Rojas, a produtora Debora
Osborn e Camila Lamha, do Canal Curta!, além de duplas de produtores-realizadores,
para criarem com uma dinâmica colaborativa novos projetos. Já Do Curta ao Longa é um convite aos
realizadores com curtas em exibição no Festival a desenvolverem os projetos de
seus primeiros longas-metragens, amparados por profissionais experientes nessa
transição, como o diretor Jeferson De
e a produtora e consultora francesa Dominique
Welinski.
Encontros e debates abertos ao público também
estão na programação, como “A
Distribuição e os Espaço do Curta-metragem”, que será promovido pela ABD-SP (Associação Brasileira de Documentaristas
e Curta-metragistas de São Paulo) no dia 24 de agosto, às 16h, no MIS; “Cinema da Vela: Direitos Humanos”, com
os diretores dos diretores Beth
Formagini e Paolo Gregori e
mediação da professora Esther Hamburguer,
dia 28, às 19h30, no CineSesc; e “Os desafios de realizar o primeiro longa-metragem
na Europa”, com a realizadora suíça
Julia Furer, dia 29, às 16h, no MIS.
29º
FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS-METRAGENS DE SÃO PAULO
Abertura
para convidados: 22 de agosto, no
CineSesc
Programação: 23 de agosto a 02 de setembro de 2018 – Entrada gratuita
Locais: MIS, CineSesc, Cinemateca Brasileira, Espaço Itaú Augusta,
Cinusp, CCSP e Circuito Spcine de Cinema.
Co-realização: Sesc SP, Spcine,
Ministério da Cultura (edital FSA e Lei de Incentivo à Cultura), Superfilmes,
MIS, Cinemateca Brasileira, Secretaria de Estado da Cultura (Proac ICMS).
Patrocinio: Apsen e Sabesp
Informações: www.kinoforum.org/curtas / www.facebook.com/kinoforum
Comentários
Postar um comentário