Escobar: A Traição (ainda há algo de novo a ser contado?)
Histórias
de foras da lei carismáticos encantam o público há décadas. Se aqueles que só
existem na ficção já são atraentes, um personagem real tão cheio de nuances
quanto Pablo Escobar é um prato cheio – que o digam as diversas produções sobre
ele lançadas recentemente (o filme Conexão Escobar, de 2016, e a série Narcos,
de 2015, só para citar alguns exemplos).
Em Escobar:
A Traição, acompanhamos a década final de sua vida, de 1981, quando já era
um narcotraficante estabelecido em processo de expansão de seu território, até
sua fuga da prisão e perseguição policial que resultou em sua morte. Os eventos
mostrados no longa não são novidades para quem já assistiu a alguma das obras
baseadas em sua vida, mas desta vez o roteiro veio da adaptação do livro Amando
Pablo, Odiando Escobar, de Virginia Vallejo, famosa jornalista de
atualidades colombiana que foi amante de Escobar durante anos. É Virginia,
interpretada por Penélope Cruz, quem conta a história dessa paixão conturbada e
perigosa.
Com
um ritmo ágil, o filme empolga em suas cenas de ação (com direito até a um
incrível pouso de avião em plena rodovia para a distribuição da carga
de cocaína) e tem alguns momentos engraçados gerados pelo absurdo das situações
(como os capangas de Escobar invadindo um centro cirúrgico para dar um susto no
então marido de Virginia e obrigá-lo a assinar os papéis de divórcio) e outros
que são frutos da hipocrisia (quando, depois de ter comprado um monte de políticos, Pablo é eleito como deputado suplente, mas
impedido de entrar no Congresso porque estava sem gravata).
Embora
Virginia seja a narradora, o foco é mesmo em Pablo e na megalomania que o levou à ruína. Enquanto acompanhamos a ascensão do mito conforme seu poder cresce, a
jornalista vai afastando o véu da paixão dos olhos e enfim percebe que, o tempo
todo, estava num relacionamento com uma pessoa tóxica e egoísta que não amava a
ninguém, exceto a si mesmo.
Apesar
de ser um bom filme, a falta de ineditismo da história joga contra ele, e a expectativa
de ver algo já conhecido por um novo ângulo infelizmente não se concretiza. O
acerto é a dupla de atores escalada para encarnar os protagonistas. Aliás, esta
é a quarta vez que Javier Bardem e Penélope Cruz, casados na vida real,
trabalham em um mesmo filme – eles já
haviam coestrelado Vicky Cristina
Barcelona, de Woody Allen, O
Conselheiro do Crime, de Ridley
Scott, e Jamón, Jamón, de Bigas
Luna.
Nota:
3,5 maletas de dinheiro (3,5/5)
Estreia:
23 de agosto
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