A voz do silêncio, ou um retrato da solidão, um filme de André Ristum
O diretor André Ristum aborda vários temas em seu
novo projeto, entre eles a solidão e o relacionamento entre familiares, e mesmo que esse temas sejam completamente distintos um do outro, o diretor consegue
interligá-los fazendo com que a solidão seja consequência de um
relacionamento problemático com membros de sua própria família.
Ele constrói o ritmo do filme apresentando brevemente a
história de cada personagem em seu cotidiano, o que pode ter causado esse
afastamento ou desentendimento com alguém próximo, e de como cada um reage a
essa situação.
O diretor até consegue criar boas histórias, mas ele acaba
colocando tantos personagens na trama que fica difícil contar o ponto de vista de cada um. Às vezes ele cria uma situação interessante que desperta a curiosidade do
público, mas então o diretor dá importância a outro personagem que não causa o
mesmo impacto. Embora o primeiro ato apresente os personagens, o ritmo do filme
é bem entediante, mesmo nas cenas mais agitadas e dinâmicas, apresentando
poucos elementos realmente importantes para a trama, e mantendo esse ritmo até a
metade do segundo ato.
O roteiro embora não seja ruim, deixa muitos assuntos
meio vagos ou sem uma explicação coerente.
Marieta Severo tem pouco destaque em comparação com outros personagens, mas ela consegue fazer um excelente trabalho com o pouco tempo que tem em tela, ela é uma mulher que foi bastante afetada pela solidão, ignorando os problemas, fingindo que eles não existem, descontando tudo na filha e favorecendo o filho que saiu de casa, criando a ilusão de que ele é bem sucedido. Ela lembra bastante a personagem de Ellen Burstyn no filme Réquiem Para um Sonho, de Darren Aronofsky, mas ela dá personalidade própria a sua personagem, mesmo que a construção de ambas seja parecida, a motivação e a execução são diferentes.
NOTA: 6 momentos de solidão. (6/10)
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