Amigos para sempre, o remake americano de Os Intocáveis, mostra com maestria que amizade vai além de raça, cor, deficiência ou ficha criminal - baseado em um caso real
Um não queria o emprego. O outro meio
que não queria um cuidador. E é desse encontro inesperado que nasce uma grande
e mútua amizade.
Assim
eu resumiria o filme “Amigos para sempre”, o remake americano do francês “Os
Intocáveis”. Escrevi “resumiria”, pois o filme vai muito além dessa simples
premissa.
A imagem de abertura desta crítica resume bem o tom do filme: alegria, apesar da adversidade. Um filme cuja vibe deixa a gente com uma sensação boa ao final da
exibição. O que chamo de “feel-good" movie. Não é à toa que o título em inglês
é The Upside...
Também já vou dizendo que não vi o filme
original. Mas, segundo a Drica, a pegada de “Os Intocáveis” está mais para o
drama. Preferi não ver o original ainda para nem influenciar minha opinião
sobre este que é um filme maravilhoso.
Bryan Cranston é um
ator incrível, e não posso fugir da piada clichê e escrever aqui que ele e
Kevin Hart têm uma “química” incrível nesse filme, que é uma obra que consegue
equilibrar com delicadeza o humor com o drama obviamente envolvido na vida de
uma pessoa que ficou tetraplégica. Se você já viu e/ou leu “Como eu era antes
de você” e encheu baldes com lágrimas com aquele final, que mesmo belo, é
triste, não espere o mesmo desse filme. “Amigos para sempre” é um filme, digamos, feliz. (The Upside pode ser traduzido
literalmente como “O lado positivo”, “Boas surpresas”, o que resume bem sim o
tom da obra, mas dessa vez eu achei a escolha do título em português perfeita, porque eu discordo de várias, afinal, sou tradutora, e implicar com traduções/adaptações de títulos de filmes está no meu DNA já).
O filme é inspirado
em fatos reais e há um livro de memórias sobre essa tocante história. E saber que, por mais romantizada que seja a versão nas
telonas, afinal, não temos ali um documentário, é mais um belo filme que deixa
os corações mais frios aquecidos – ou não, pois vi que, embora 88% do público no Rotten Tomatoes tenha no mínimo gostado do filme, não foi o caso com os críticos. Que bom que
sou híbrida. Cinéfila e crítica, então meu coração não é feito de pedra nem de
gelo, e eu fiquei sim muito “tocada” pela história, pela interação entre os dois
atores, pela forma como Neil Burger conseguiu fazer de sua obra algo leve sobre
um tema bem pesado. Ah, claro, temos as piadas, sim, pois o filme americano
está classificado como comédia. E, na cabine, foram muitos os que riram. E foi numa cabine de imprensa, então, bem,
talvez nem todos os críticos de cinema do mundo tenham corações de diamante.
Lembrando ainda que Bryan Cranston
praticamente tem que atuar e passar emoções diversas apenas do pescoço para
cima, ele já merecia uma indicação ao Oscar por esse filme, cheio de momentos tocantes, hilários e... bem, não vou soltar spoilers, mas alguns momentos em que uma versão beeeeem mais levinha de uso de drogas [Olá, referência a Breaking Bad!] entra em ação... são altamente memoráveis, especialmente as que se passam durante a festa da foto acima.
Nicole Kidman tem algumas “corridas
merecidas” e várias “rebatidas válidas”, para usar a linguagem do beisebol (vocês entenderão melhor esse lance vendo o
filme), mas são tantos os “homeruns” e as “rebatidas duplas e triplas” que os
dois protagonistas fazem que ela não chega a ficar apagada, mas não brilha tanto quanto a dupla, que mantém
sua química do começo ao fim, até chegar àquele clássico momento em que tudo
meio que dá errado para logo depois seguir em um crescendo até o final feliz.
Mais do que recomendado.
Nota: 5/5 homeruns
Trailer:
Comentários
Postar um comentário