Um amor inesperado: um outro ponto de vista sobre o filme, uma dramédia que reavalia a vida a dois
Casados há mais
de 25 anos, Marcos e Ana não sentem mais tanto desejo um pelo outro, e atravessam
uma crise existencial que acaba levando ao divórcio. No começo, a rotina de
solteiros parece fascinante, mas aos poucos a coisa se torna monótona para Ana,
ao mesmo tempo em que Marcos se vê no meio de um verdadeiro pesadelo, e os dois
acabam se reencontrando.
O roteiro de Daniel
Cúparo e Juan Vera é uma dramédia sobre um casal que reavalia a vida a dois, a
trama se foca nas dúvidas do casal quanto ao que se fazer depois que seu filho sai
de casa para estudar no exterior. Em uma ótima cena, os dois se sentam na sala, questionando o amor, que por muitos anos permaneceu esquecido em meio às tarefas cotidianas
e a criação do filho, diferente dos amigos, que mantêm casos fora do casamento,
eles decidem simplesmente se separar por concluírem não serem mais apaixonados um pelo outro, e
tentam recomeçar em outros lugares.
A partir daí, acompanhamos o casal tentando se redescobrir como indivíduos, e de forma
inteligente, o filme faz cm que a ausência do filho seja menor diante de “namoros” que não dão
certo, das expectativas frustradas e esperanças desfeitas por conta de bobagens, e ambos
vão atrás de novidades, mas logo se veem lembrando-se da estabilidade que tinham
na companhia um do outro, acabando por se reencontrarem por causa disso.
Juan Vera, além
de assinar o roteiro, também dirige o longa, junto com o diretor de fotografia Rodrigo
Pulpeiro, e apesar de se utilizarem do básico por boa parte do tempo, conseguem
se destacar nos momentos de reflexão do casal, seja quando estão juntos ou quando estão com
os amigos, são conversas longas e que poderiam ser entediantes, mas a câmera
consegue dar um ótimo ritmo à cena, com movimentos nos momentos mínimos e às
vezes rápidos, andando de acordo com a conversa, o que nos faz prestar atenção e
refletir a cada palavra.
O longa não
funcionaria se não fosse o trabalho conjunto de Ricardo Darín e Mercedes Morán. Individualmente, eles garantem o charme e a densidade de seus personagens, quando
estão juntos dão conta de expressar os dilemas que o casal enfrenta, com
dúvidas prevalecendo, muitas vezes, sobre o chamado bom senso.
Com um elenco de
qualidade, principalmente os dois protagonistas, Um Amor Inesperado é um longa leve,
mas permeado por diversas questões importantes e coerentes sobre
relacionamentos amorosos.
O roteiro possui
muitas tiradas espertas, com destaque em especial apar o comportamento
pós-separação, com Ana indo a festas barulhentas e tomando a iniciativa de novos
contatos, enquanto Marcos, após falar mal de aplicativos de relacionamento, se
rende a eles e, em sua “estreia”, acaba se enfiando em numa situação
tragicômica que sintetiza a ironia presente no longa.
Nota: 4 encontros marcados pelo Tinder. (4/5)
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