O filme A espiã vermelha contém uma história interessante e
surpreendente, que consegue fazer o publico refletir sobre os atos da
protagonista de trair seu país para evitar uma guerra nuclear, mas ,mesmo com a
premissa comovente, sua execução deixa a desejar.
O ritmo lento do filme acaba se tornando um pouco entediante
na primeira metade, mesmo apresentando bem os acontecimentos e as
informações da trajetória de Joan, a direção não consegue transformar o que foi
apresentado em algo que desperte o interesse do público. O diretor Trevor Nunn
conduz a historia de Joan de forma direta, explicita, e sem muita exposição,
mostrando bem como e o que a levou por esse caminho, e as consequências disso no
futuro, quando ela foi acusada de traição.

A montagem entre as duas linhas do tempo inicialmente é bem feitas, essas linhas são
bem conectadas ao mostrar a velha Joan (Judi Dench) relembrando fatos de
seu passado e cortando para algo que remete à lembrança dela ao mostrar a jovem
Joan (Sophie Cookson) executando alguma tarefa que a levou a ser
interrogada em sua velhice, mas, em alguns momentos, a edição faz questão de mostrar a breve reação dela ao se lembrar do passado, dando a impressão de que o
diretor quer que o público tenha essa mesma reação à cena que foi mostrada,
deixando o ritmo um pouco forçado.
A reconstrução de época é bem convincente, com figurinos
realistas, trajes e roupas dos anos de 1940, junto com a fotografia que faz uso de uma
palheta de cores em tons pastéis, o que ajuda a passar a sensação de um ambiente antigo.
Quando o roteiro apresenta alguns elementos da época como o machismo dos homens
ao verem uma mulher ao lado de vários cientistas homens, pensando automaticamente
que ela é a secretária e não uma cientista como os outros, esses elementos são colocados de
forma óbvia, conferindo uma certa artificialidade às cenas.

A partir da metade do segundo ato, a direção começa a
mostrar bem Joan fazendo as coisas pelas quais ela foi acusada, seus atos de espionagem, com cortes
rápidos que têm a intenção de mostrar a agilidade e o desespero da
personagem devido à gravidade de seus atos, o que é feito de forma dinâmica e prende a
atenção do público.

Os pares românticos de Joan ao longo de sua trajetória têm
uma função na trama pelo lado politico, mas pelo lado romântico, é desnecessário, quase
não ajuda na construção da história, mas também não atrapalha.

Sophie Cookson interpreta bem a jovem Joan. A atriz
consegue passar bem a motivação da personagem e o que isso pode custar para
ela, mas, mesmo com medo de destruir sua vida e das pessoas próximas a ela, seus
objetivos são muito maiores, e, se ela tivesse ficado de braços cruzados esperando o pior acontecer, isso poderia ter custado as vidas de milhares de pessoas se
ela ficar de braços cruzados só esperando o pior acontecer.

Judi Dench está bem como sempre, mesmo tendo pouco
tempo em cena em comparação com Sophie, ela mostra bem que mesmo depois de 60 anos
ela não se arrependeu do que fez, mas que também nega publicamente seus atos,
mostrando que ainda tem medo de que algo aconteça com ela, e que poderia afetar sua família de forma negativa.
Mesmo que o filme só consiga prender a atenção do público no terceiro ato, a história é bem impressionante, com boas abordagens ao
mostrar a protagonista cometendo um crime contra seu país pelos motivos certos.
NOTA: 5 passos e meio para evitar uma guerra nuclear.
Trailer:
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