Hellboy (2019), afinal, esse remake é bom ou não?
O diretor faz questão de nos apresentar uma nova informação a cada cena exibida, sem um breve período para que o público possa dissolver e raciocinar sobre o que foi apresentado anteriormente, junto com o roteiro expositivo que, em vários momentos, explica a situação nos mínimos detalhes, como se o público em geral não tivesse a capacidade de entender o que acontece na cena sem que o diretor jogasse na nossa cara todas as respostas de imediato.

São diversas as vezes em que o roteiro apresenta a mesma informação, repetidamente, durante o filme, e às vezes na mesma cena, como ao apresentar o lugar e o ano em que se passa em uma narrativa em off, e 10 segundos depois aparece em tela o nome do lugar e o ano em letras estampadas na cena, reforçando, sem necessidade, essa informação simples.
Durante a história, o diretor aborda o passado dos personagens com o uso de flashbacks que são introduzidos do nada, de forma artificial e incoerente com a narrativa. Ao apresentar um personagem que acabou de ser introduzido, a história começa a contar fatos do passado de repente, só para explicar a origem de algum personagem, e muitos desses flashbacks quase não apresentam nenhuma informação crucial para o desenvolvimento da trama.

Ponto forte: A maquiagem, principalmente a de Hellboy, impressiona, rica em detalhes e nas imperfeições que deixam mais realistas.
O CGI do filme se equilibra entre o razoável e o desleixado, a ponto de ficar visível de que se trata de um boneco digital interagindo com criaturas geradas por computador. Mesmo com os efeitos visuais fracos, o design das criaturas místicas e demoníacas são bons, ao dar a elas um visual perturbador que foge totalmente da fisionomia humana e que causam medo no público, junto com o terror que essas criaturas provocam no filme.
A montagem também ajuda a deixar o filme mais expositivo quando um personagem fala em uma determinada cena um traço da personalidade de Hellboy, e logo em seguida a edição corta para outra cena em que Hellboy faz exatamente algo que condiz ao traço que foi dito por esse personagem na cena anterior.

A direção de atores é bem limitada, resumindo os personagem a uma só característica de sua personalidade, como o personagem de Ian McShane, que interpreta o pai de Hellboy, e que incentiva o filho a fugir de seu destino, a personagem de Sasha Lane que só está no filme para ajudar Hellboy, mas quase não tem presença ao cumprir essa função, o que torna a personagem desnecessária. Milla Jovovich interpreta uma vilã genérica e inexpressiva, fazendo somente uma cara de má forçada e caricata, forçando também sua voz para “destacar sua maldade”.

Mesmo com pouco conteúdo e a má condução da direção, David Harbour se empenha bastante ao interpretar Hellboy, nota-se o esforço do ator e o ânimo ao dar vida ao personagem, mas o roteiro o transforma em um personagem bobo com diálogos e frases de efeito ridículas. Embora Hellboy tenha mais do que um traço em sua personalidade, o diretor não consegue desenvolver o personagem ao misturar seus traços dominantes, ou ele é desnecessariamente engraçado, fazendo piadas sem graça, ou ele é puro ódio.
Hellboy é um filme expositivo, mal conduzido, e que mesmo com monstros e criaturas que chega a assustar, e muito inferior à versão dirigida por Del Toro.
(Se tiver coragem, tem duas cenas pós créditos)
NOTA: 3 demônios sobre a Terra e meio. (3,5 de 10)
Trailer:
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