VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO! Setembro Amarelo ensinando a salvar vidas!
Alguma vez você se
sentiu sozinho e encurralado? Como se tudo o que fizesse não servisse para
nada, como se fosse uma falha e, apesar de seus esforços, nada desse certo? Já
se sentiu um peso para as pessoas próximas e achou que a vida nunca faria sentido ou
te traria mais sofrimento do que prazer? Já sentiu apatia, como se o misto de
emoções que sempre fizeram parte de você fossem tão intensos que, em algum
ponto, apenas deixaram de importar?
A desesperança aparece
de repente. Num belo dia você é feliz e tudo está dando certo. Está rodeado de
pessoas que te amam, amigos que te fazem rir, um bom emprego e reconhecimento. Então,
algo ruim acontece. Você perde seu emprego. Um ente querido morre. Seu parceiro
decide que aquele relacionamento não faz bem. Talvez nada aconteça. Talvez você
apenas acorde e se assuste com o fato de que aquilo que você vive não te dá
mais prazer. É uma realização súbita para alguns e um desprazer cumulativo para
outros. Não importa o que aconteça, em um momento de grande desespero podemos
dar fim a tudo de bom e maravilhoso que ainda não vivemos. Foi pensando na
importância de falar sobre esse tema tão delicado que é o suicídio que o Centro de
Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram a campanha Setembro Amarelo.
O suicídio faz parte
da história da humanidade e seu significado é diferente em cada cultura. O
primeiro suicídio conhecido data de 2500 a.C. na cidade de Ur, onde doze
pessoas beberam veneno e esperaram pela morte. Para os esquimós e os vikings, o
suicídio era um ato heroico, que abria portas e acumulava glórias na pós-vida.
Os astecas cometiam suicídio em atos de fé, oferecendo a si mesmos para seus
deuses. Foi apenas com a disseminação da fé cristã que, no século V, Santo
Agostinho e o Concílio de Arles definiram suicídio como um ato repudiável
perante os olhos de Deus e da Igreja, separando os corpos de suicidas dos
demais e os exibindo publicamente.
Deixando de lado as
curiosidades sobre o suicídio e o que qualquer religião possa dizer sobre ele,
sobre o que acontecerá com quem acabar com a própria vida e sobre como terão de
lidar com isso do outro lado, o que realmente importa é o que fazemos para que
as pessoas que amamos se sintam acolhidas.
Como você cuida de sua
família e amigos e, acima de tudo, como cuida de si mesmo?
A OMS definiu o dia 10
de setembro como o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio e, por esse motivo, as
organizações brasileiras definiram setembro como o mês de prevenção do suicídio.
A escolha da cor amarela tem origem nos EUA, em 1994, quando um jovem de 17
anos chamado Mike Emme, após restaurar um Mustang 68 e pintá-lo de amarelo,
cometeu suicídio. Ninguém próximo a Mike percebeu os sinais. Para homenageá-lo,
os amigos fizeram 500 cartões com fitas amarelas e os colocaram em uma cesta no
dia de seu funeral com a seguinte mensagem: se precisar, peça ajuda.
Falar sobre suicídio ainda
é um grande tabu. Muitas pessoas não sabem lidar com o assunto e têm medo de
que falar sobre acabe incentivando alguém em sofrimento a cometer o ato, mas é
exatamente o contrário. A escolha das palavras é importante, mas, ainda mais
importante, é que a pessoa que está passando por problemas saiba que tem com
quem contar, que não é um peso e que pode confiar em alguém que tente entender seu
sofrimento. Alguns sinais de alerta são:
·
Isolamento;
·
Mudanças
marcantes de hábitos;
·
Perda de
interesse por atividades de que antes gostava;
·
Descuido
com a aparência;
·
Piora no
desempenho nos estudos ou trabalho;
·
Alterações
no sono e apetite, além de uso de frases como “preferia estar morto” ou “queria
desaparecer”.
Como alguém que já
percorreu essa estrada, posso dizer que é difícil encontrar até mesmo
profissionais que se importem com nossos sofrimentos ou saibam minimamente o
que fazer para nos confortar. Os tratamentos são difíceis e muitas pessoas os
tornam ainda mais dolorosos, com medicamentos errados, palavras de julgamento e
críticas infundadas. Infelizmente, muitas vezes são as pessoas mais próximas que
nos fazem sentir mais desamparados e envergonhados de quem somos. Por isso,
desejo que não apenas esse mês, mas em todos os meses você possa se amar e amar
as pessoas que percorrem uma estrada diferente da sua. Acima de tudo, saibam
que:
·
Na maioria
das vezes, as pessoas dão sinais e indícios de que pensam em acabar com a própria
vida. Preste atenção a esses sinais e às mudanças de comportamento de quem ama.
Deixe que saibam que não é trabalho algum para você estar ao lado delas e que podem
sempre contar com você;
·
Você não
deve falar de suas experiências pessoais, religião ou o que pensa sobre o suicídio.
Apenas ouça e console, sem julgamentos. Uma pessoa que pensa nisso está
desesperada e precisa de apoio e segurança, não de seu parecer sobre o assunto;
·
Ninguém
quer chamar a atenção falando de suicídio. Vocês podem imaginar como essa ideia
é prejudicial às pessoas em sofrimento? Se alguém fala disso para você é porque
confia em você para ajudar nesse momento tão difícil e precisa de ajuda;
·
Não existe
um perfil suicida. Infelizmente, pode acontecer com qualquer um em sofrimento
extremo, por diversos motivos. Por isso, fique atento e apoie as pessoas a sua
volta.
Lembre-se que sempre
vai existir uma luz no fim do túnel e que você não precisa tomar medidas drásticas
para acabar com a dor. Cuide de si mesmo, cuide das pessoas a sua volta e
trabalhe diariamente seu amor próprio. Existem diversos links na internet para
atendimento gratuito e aconselhamento psicológico e sites com mensagens
inspiradoras e informações sobre diversos transtornos psicológicos, como o Pinterest
e o próprio YouTube. Busque conforto, autocuidado e coisas que te lembrem o que
realmente é valioso na vida. No fim da jornada, você será
imensamente grato por ter persistido.
Fontes:
ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE. Prevenção do suicídio: um manual para
profissionais da saúde em atenção primária. Genebra, 2000.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL
DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE MENTAL, TRANSTORNOS
MENTAIS E COMPORTAMENTAIS. Genebra, 2000.
PESQUISA
SOBRE A HISTÓRIA DO SUICÍDIO. Disponível aqui.
SETEMBRO
AMARELO - PRECISAMOS FALAR A RESPEITO. Disponível aqui.
Comentários
Postar um comentário