#homevideo - DVD - #A2Filmes - Sadako vs Kayako vai muito além de um embate entre duas lendas
Ao (finalmente) ver Sadako vs Kayako em DVD, em casa, na pandemia, eu me vi discordando da opinião da Catherine nesse post aqui. Porque eu amei o filme, tanto em termos de história quanto em termos de cinematografia propriamente dita e desenvolvimento de roteiro.
A essa altura, todos já sabem – ou ao menos deveriam saber – que a experiência cinematográfica (na verdade, qualquer experiência) é única. Somos moldados por fatores tão diversos que seria tema para um ou mais livros compor algo dizendo o que nos leva a gostar ou não de um filme, preferi-lo no cinema e quando o vê em casa não sente a mesma coisa, também a euforia e outros fatores de assistir a um filme em um telão em vez de na tela do PC, celular ou TV, por maior que seja. Somos diferentes. Todos são diferentes, mesmo sendo iguais e/ou semelhantes em muitos pontos.
E uma diferença fílmica que, mesmo antes de eu fazer uma pesquisa me foi fácil de captar foi a que talvez incomode a alguns, ou muitos: a mudança da maldição de Sadako (e de sua versão americana, Samara) de 7 para 2 dias. Primeiramente, em termos de simbologia, o número 7 tem vários significados místicos, assim como toda a “lenda” por trás de Sadako, Samara e Park Eun-suh na versão nipo-coreana (em que é interessante até que se use o termo ‘vírus’).
Não vou me estender demais nesses pontos, mesmo porque há uma série de adaptações, as versões originais dos livros, enfim, mudanças são feitas e ninguém nunca vai agradar ou desagradar a todos. Porém, eu vejo essa mudança de 7 para 2 dias de algumas formas também diferentes e acho ótimo que não tenha aquela explicação que costuma ser didática e, diga-se de passagem, muitas vezes, chatíssima - que nem aqueles flashbacks totalmente desnecessários em diversos filmes, inclusive no maravilhoso Coringa, para te "explicar" o que eles presumem que você não entendeu, subestimando-o. Não gosto.
Sadako está mais forte, seus poderes aumentaram e se transmutaram (como acontece com um vírus...) e um yurei/onryo nunca vai desistir de sua vingança. 48 horas não só combina com isso, como também torna o terror mais intenso: menos tempo, mortes diversas, enfim, também combina com nosso cotidiano cada vez mais corrido, sobre o que já discorri aqui, esse lance da Sociedade do Desempenho e do Cansaço e as cobranças, entre outras coisas, por produtividade, de um modo nocivo, assim como a positividade.
Se antes você teria de ler diversos livros para achar algumas informações, como nos é frequentemente lembrado em Stranger Things, hoje temos milhares de bytes em computadores e na internet contendo informações que podem confundir mais do que ajudar às vezes, especialmente em tão pouco tempo, sem contar as famosas Fake News (que também existem em livros, como vemos neste mesmo filme).
Daria também para fazer um bom
estudo sobre a violência contra a mulher e o estupro, visto que tanto nas
histórias de Sadako, como Kayako, inclusive também mostrada com outra
personagens na recente série da Netflix, Ju-On Origins, da
qual a Catherine também não gostou e eu curti, não amei, mas gostei muito, ao
contrário daquilo que fizeram em 2019, uma espécie de remake prequel
sei-lá-o-quê de Ju-On estadunidense que foi só um terror, para mim, em termos
de desgosto. Escrevi sobre ele aqui.Já a série da Netflix supostamente explora os crimes “reais” que deram origem à maldição de Kayako e Toshio, não é linear e aproveito para compartilhar um link falando sobre a cronologia da série aqui.
Já adianto que dou nota de 4 (de 5) gritos suprimidos suplicando por ajuda em que a boca se mexe, mas as palavras não saem, para a série, e que a recomendo, sim. (Ju-On: Origins) Cabe a você, com suas experiências, memória afetiva e tudo o mais que o ajudou a compor curtir como eu, ou não.
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E, falando em Ju-On, neste filme
em que temos um “embate” entre as duas yurei/onryo, o plano “deles” para pôr um
fim às duas maldições ao mesmo tempo, ainda mais “conhecendo” sobre as
entidades, compete em estupidez com os planos de Pink e o Cérebro para dominar
o mundo. O que, pelo menos, torna o desenho engraçado e, no caso do filme, mais
que fatídico. Amei o final, apesar de acabar se tornando previsível para mim, mais pelo
que está se desenrolando em cena do que por ser necessariamente um clichê –
embora tenha me lembrado e muito, os oni de InuYasha. Claro, mitologia
japonesa, incrível. Para muitos, e concordo, apesar de tê-lo "previsto", o final foi um belo de um plot twist.
Nota: 5 fitas de vídeo amaldiçoadas que soltam miados e se arrastam fazendo aquele “rattle” da Kayako mesclada com fios de cabelo e miados de gato. (5/5)
Extra! Extra! Extra!
"Só" algumas curiosidades, pois
para quem quiser mais, a internet está repleta de informações, em boas fontes,
isso daqui é só um aperitivo: {E tem cena extra no final, pós-créditos ;)}
Sadako – O nome é composto das palavras japonesas sada, que quer dizer “casta”, e ko, traduzida por “criança”. Essa série multimídia (filmes, livros, remakes, mangá) explora justamente a queda pela perda da inocência e o infligir o horror por vingança, afinal, na mitologia cristã, aqueles que perdem a inocência e “caem”, não viram demônios?
Kayako – Achei tantas variações para os significados possíveis do nome dela que resolvi compartilhar o link aqui com vocês.
Toshio – Na verdade o personagem
principal da franquia de Ju-On, filho de Kayako, também um yurei/onryo que
perdeu a inocência ao ter sua vida, a vida de sua mãe e de seu gato tiradas pelo
próprio pai. Triste e ironicamente, um dos significados do nome do menino, cuja
morte também difere nos filmes, livros, e tal, é “vida longa” =/ Ele veio a
morrer coma idade entre 6 a 8 anos, segundo diferentes versões. [Essa foto não é o Toshio de Sadako vs Kayako, só para constar. Reconhecem de qual filme este é? :P]
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Links nossos: Aqui, tudo que já foi publicado no site sobre Ringu; aqui, sobre Ju-On, aqui sobre yurei/onryo e aqui sobre a versão estadunidense, O Chamado.
Lembrando ainda que a maldição e os espíritos passam para outras pessoas de formas diversas nos filmes também, então, reindico e espero que apreciem, tanto Sadako vs Koyako, o foco desse post, como Ju-On Origins, da Netflix.
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{Leve spoiler após a foto}
SPOILER
ALERT: Achei o máximo que quando Toshio
aparece no filme analisado nesse post, ouvimos os miados. Belamente triste
referência a também não só o animal morto, como mencionado acima, como também a
lembrança da inocência dos animais em si. E que bom que não vemos o bichano todo destroçado, arigato!
Trailer:
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