Crítica do filme Com amor, Van Gogh, um filme de Dorota Kobiela, indicado ao Oscar 2018 de Melhor Animação (agora na Netflix e em DVD)
“Com amor, Van Gogh” (Loving, Vincent) é possivelmente o filme mais
bonito em termos estéticos que eu já vi na minha vida!
Se você também ama a arte de Van
Gogh, é bem possível que também se deleite com esta obra-prima cinematográfica (que
está na corrida do Oscar e já foi indicado ao Globo de Ouro como melhor
animação).
Como sou fã de Van Gogh, na
verdade, ele é meu pintor predileto de todos os tempos... eu fiquei imensamente
encantada com o filme. A obra foi totalmente pintada a mão, em óleo sobre tela!
Levou seis anos para ser pintado. Por uma equipe de mais de 100 pintores. É um
deleite visual aliado a uma boa contação de história. E é um filme único: foi a
primeira vez que tais técnicas foram utilizadas em uma película
cinematográfica.
É claro que me lembrei de Vincent e o Doutor, que é meu episódio predileto de Doctor Who. Que é quase
uma fanfic muito bela desse pintor tão atormentado e cujas obras, infelizmente,
só tiveram valor depois de sua morte.
Ele vendeu apenas um quadro enquanto vivo,
levou uma vida atormentada e tinha uma habilidade ímpar e via o mundo de um
jeito totalmente peculiar, com obras dinâmicas, vívidas.
Sendo assim, não pude deixar de
conferir o filme “Com amor, Van Gogh”,
totalmente em forma de pintura na tela, com as partes coloridas do presente
seguindo o estilo do próprio Vincent e as partes do passado em preto e branco
No filme, “vemos” Vincent Van
Gogh pelos olhos dos outros. Enquanto Roulin procura Theo, que ele acaba
descobrindo que morreu pouco depois do irmão, e depois alguém digno de receber
uma carta que seu pai encontrou de Vincent, ele faz meio que uma quest em que ele mesmo acaba se
deparando com revelações surpreendes. Para mim, um dos momentos mais marcantes
é quando é questionado o interesse dele em saber sobre a morte de Vincent...
mas e sua vida?
"Quero mostrar com o meu trabalho o que este 'ninguém' tem em seu coração."
![]() |
Carta a Theo |
O pintor holandês que teve uma vida curta e conturbada pintou
mais de 800 quadros em dez anos de carreira, sendo o ano anterior à sua morte o mais produtivo. Muitas
de suas telas são imersas no filme em forma de cenários e é um deleite extra
reconhecer as obras na tela do cinema. Para mim, o deleite sensorial aliado a
uma forma interessante de contar a história, não só não deixou o filme
cansativo, como poderia ter até mesmo se estendido um pouco mais que eu não me
importaria nem um pouco.
“Você quer saber tanto sobre a morte dele...
e quanto à sua vida?”
Dotado de uma alma sensível e
atormentada, maltratado pela vida e por muitas pessoas que não o compreendiam, Vincent
deixou um legado incrível, isso é fato. O contraste inclusive entre o uso do
preto e branco para o passado e do estilo do próprio Van Gogh para o presente
até mesmo mostram a dicotomia que era a melancolia de sua vida e a energia
estonteante e altamente vívida que ele punha em suas criações. E também, após
sua morte, as cores e o estilo como Vincent via o mundo... e no passado, a
forma como o mundo via o pintor. Uma vida em tons de cinza em contraste com a
forma como ele via o mundo...
"Ele mudou de ideia? Queria viver, afinal?"

Com certeza verei este filme
novamente... por enquanto, para seguir no clima do filme, vou aproveitar e
rever “Vincent e o Doutor”.
Nota para o filme? Cinco de cinco
estrelas iluminando o céu da noite.
Curiosidade: O conceito de
animação pintada de forma artística foi descrito no romance “O fim da
infância”, de Arthur C. Clarke, em 1953. Eis a ficção científica acertando na
previsão do futuro mais uma vez.
Ps.: Se fosse possível abraçar um filme, eu abraçaria "Com amor, Van Gogh" bem apertado xD
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