Moral distorcida ou falta de moral: Do que são feitos os vilões?
Texto
livremente traduzido do post “Twisted Morals, Lack of morals: What are Villains
made of?” de Ana Death Duarte que você encontra aqui
“Okay, ótimo, ou você morre como um
herói ou vive o suficiente para ver você
se tornar o vilão.- Harvey Dent”
Nesse curso online que estou fazendo {intervenção da Ana - fiz em 2015, entre outros tutores estava o divo Stan Leeee!}, os estudantes estavam debatendo sobre o que
exatamente faz um super-vilão ou vilão, e decidi
escrever um post sobre isso e vocês, leitores, estão convidados a compartilhar
suas opiniões!
Voltando
aos tempos Shakesperianos, você diria que Macbeth é um vilão? Esse livro é
considerado uma das mais sombrias e poderosas obras de William Shakespeare, e
não é uma coincidência que o título completo da obra seja “A Tragédia de
Macbeth”.
Sempre
que surgem discussões de heróis, aniti-heróis e vilões, eu sou lembrada do quão
complicado é simplesmente classificar esses assuntos usando aquela dicotomia do preto/branco, porque
eles são bem mais que isso, e comportamentos podem ser bons ou maus dependendo
do ponto de vista. Vamos observar a quote dos quadrinhos “Os Livros da Magia”,
de Neil Gaiman:
“Não é magia negra contra magia
branca. Eu gosto de imaginar que seja magia viva contra magia morta. Mas até
esse simples dualismo... no mais, magia, até a magia negra, não é Satanismo -
apesar de eu ter lidado com certa maldade estranha na minha época. Magia é sobre
poder. É ver por entre as sombras para bem mais adiante do mundo real.-
Tannarak”
Sim,
seria simples dualismo dividir os personagens em heróis e vilões. E a divisão
entre heróis, vilões e anti-heróis é
um pouco menos simples, mas não chega a ser completa. É complicado abranger e
categorizar o comportamento humano, como também é complicado julgar os
comportamentos do personagem, afinal eles representam os arquétipos de
comportamentos humanos, certo? Então, vamos expandir essa classificação um pouco
mais: heróis, vilões, anti-heróis e o herói trágico.
De
acordo com Aristóteles, um herói trágico
é um homem cujo infortúnio não vem de um defeito ou de uma perversidade, mas de um
erro de julgamento.
Portanto,
Macbeth seria um clássico exemplo de herói trágico. E um herói trágico contemporâneo
seria aquele que um monte de gente ama odiar: o Loki do Universo Cinematográfico
da Marvel.
Mesmo nos quadrinhos, e em sua origem na Mitologia Nórdica, Loki tem o tipo de nascimento nobre com uma qualidade heróica ou potencialmente heróica, assim como Macbeth, e ambos são destinados, pelos Deuses ou por forças sobrenaturais, à condenação e destruição (incluindo grande sofrimento).
Mesmo nos quadrinhos, e em sua origem na Mitologia Nórdica, Loki tem o tipo de nascimento nobre com uma qualidade heróica ou potencialmente heróica, assim como Macbeth, e ambos são destinados, pelos Deuses ou por forças sobrenaturais, à condenação e destruição (incluindo grande sofrimento).
Alguns
personagens começam como um herói trágico, herói ou anti-herói, mas podem
acabar trilhando o caminho de um vilão. E esse é o caso de Wilson Fisk, da
recente adaptação de Demolidor (Daredevil) na Netflix, na qual ele vê a si mesmo como um
herói (sim, parece absurdo, mas essa é uma das razões pela qual eu mencionei “moral
distorcida” no título do post), aonde ele se compara com o Bom Samaritano da
Bíblia, e ele decide, no final, que ele é o Mal Samaritano, não o bom. Não
apenas um vilão nasceu como ele também abraçou sua total e desmascarada
vilania.
Voltando
ao Loki e mencionando sua participação em Vingadores,
Thor e Thor: O Mundo Sombrio, ele ajudou a concertar o que ele causou primeiramente,
mas ele não foi exatamente a causa das situações, ele apenas provocou algumas
coisas que aconteceriam de um jeito ou de outro, em seus jeitos distorcidos,
ele ajudou os Vingadores e a Terra e Asgard. Eu não vou me alongar em todos os
detalhes das ações dele e não estou as justificando também, mas estou
constatando que o vilão é aquele que mata pessoas e o herói é aquele que não
mata é acabar se situando no dualismo mencionado por Tannarak nos “Livros da
Magia”. {E por motivos de odeio spoilers, sim, intervenção da Ana novamente, não comentarei o papel do meu amado Loki em Vingadores: Guerra Infinita! ... ainda, deixa passar um tempinho ;)}
Se
nos referirmos ao Batman: O Cavaleiro das Trevas (o segundo filme da mais
recente {e decente, rs} trilogia do Batman), o Coringa pode ser entendido com um não vilão, aparentemente... Confira neste artigo tão bem escrito de como
o Coringa no filme Batman: O Cavaleiro das Trevas pode ser entendido como um herói, o
que aprofunda ainda mais a representação do Coringa no filme.
Como
alguns dos meus colegas do curso disseram, até o Thor ou o Capitão América
eventualmente matam. Até o Demolidor (Daredevil), da série do Netflix, acaba
matando.
Então,
tirar vidas não é exatamente um ponto que define um vilão, certo? Na série de
TV Arrow da CW, Oliver Queen é um vigilante que tira vidas, é visto como um
assassino algumas vezes e algumas vezes até a policia o considera uma ajuda
bem-vinda. E o Arqueiro Negro? Merlin apresenta uma moral distorcida, mas ele
vê a si mesmo como uma boa pessoa. E vidas são tiradas nesse processo. Mesmo
mirando para não matar, as ações e as decisões tomadas pelo Arqueiro resultam
em morte e perda e sofrimento.
Acho
que esse seja um debate que possa prosseguir mais, e mais, e mais, porque parece
que vilões e heróis e o meio entre eles seja bem mais como os outros os
interpretam, seja suas vitimas ou parceiros ou os leitores ou espectadores. Mas
algumas vezes, como com o Wilson Fisk da série Demolidor (Daredevil) da
Netflix, é também sobre como os vilões compreendem a si.
E
outros vêm e vão... como Magneto - mesmo na descrição de um dos quadrinhos, “Magneto:
Não Herói”: Os X-Men ficam abalados quando Magneto volta a ser um vilão. Volta
a ser. Porque o Magneto pode ser compreendido como um vilão, um anti-herói e algumas vezes até um herói porque ele cruza essa linha fina de ser um
anti-herói, que retorna a ser vilão e herói, e que vai e volta entre essas classificações,
tanto nos quadrinhos como nos filmes. Mas as intenções dele não são autenticamente ruins. É complicado,
não? Porque somos arco-íris de emoções e ações e pensamentos, somos camadas de
cinza de sentimentos e morais e ações, e sendo os seres complicados que somos,
nossa representação fictícia não poderia
ser tão simplista.
"A lógica claramente dita que as necessidades dos muitos superam as necessidades dos poucos... ou do único" - Spock, Star Trek II, A Ira de Khan
Leituras Sugeridas:
Artigos:
Um fórum de discussão sobre a vilania ou o heroísmo ou a tragédia de Ozymandias do Watchmen- apenas para ver como as opiniões variam e os argumentos são bem convincentes algumas vezes.
Neste artigo da Geek Girl Pen Pals você pode ver como alguns heróis matam mais que alguns vilões. Divirtam-se!
Gente que texto incrível! Então, eu nunca tinha parado pra pensar nesse sentido, é essa definição de vilão trágico se a gente pensa bem, se encaixa em muitos vilões de quadrinhos né? Porque no fim a coisa depende muito da perspectiva ��
ResponderExcluirA última foto então, me fazembrar do Khan original, cabe bem nisso né? Já o do filme novo eu tenho minhas dúvidas ��