Eu sou mais eu: filme nacional aborda a questão da autoaceitação usando o artifício mais lugar comum possível
Não importa o quanto você reclame ou diga que
"não é bem assim", o cinema nacional sempre fez parte da essência de
ser brasileiro. Independente de ser humor besteirol ou filme de drama aclamado
em todo o mundo, nossa pátria tem uma capacidade imensa na diversidade de
produção para suas obras de longas-metragens, e, no caso de "Eu sou mais
eu", filme que estreou no final do mês passado, podemos dizer que ele
trabalha um gênero que é bem evidenciado lá fora, porém pouco trabalhado em
terras tupiniquins.
Aqui temos um enredo que se foca em mostrar toda a
jornada da personagem Camila (que é interpretada pela Kéfera) para buscar sua
verdadeira identidade e ser mais ela mesma e, honestamente, isso é feito de uma
forma bem divertida e abusando dos clichês que são possíveis para o gênero,
pois filmes que carregam o estilo de voltar ao passado ou ir para o futuro não
costumam trazer tantas inovações, até por ser um formato que fica mais na linha
do arroz com feijão.
Porém, mesmo no básico, dá para dizer que o filme
usa bem o trunfo que possui, pois trabalha bem com essa questão de se autoaceitar
e, de quebra, ainda nos mostra que o bulliyng é algo nocivo e que ocasiona sequelas
ao longo da vida, às vezes, inclusive, nos tornando pessoas diferentes demais
do que éramos na nossa adolescência.
Outro ponto interessante a se mencionar é que,
mesmo usando uma fórmula bem conhecida, a trama sabe ser consistente no que
deseja contar e ainda tira sarro de si mesma, fazendo algumas piadas com
relação à situação durante a película, sem contar que há um real trabalho para nos
entregar momentos bem alternados, saindo do humor divertido para o drama no
timing certo.
As atuações estão bem encaixadas, assim como as
interações entre as personagens. Aqui tudo consegue ter o tom certo para
funcionar e fluir devidamente ao longo das duas horas de filme. Também é
interessante citar que houve todo um cuidado com a ambientação do filme,
focando-se em realmente nos dar uma sensação de que se passa em 2004; graças a
isso, temos uma verdadeira imersão no tempo em que as videolocadoras faziam
sucesso e o Orkut era a moda do momento.
Além disso, cabe a menção de que este é um filme
exclusivamente voltado para o público mais adolescente, em especial por
trabalhar bem as nuances pelas quais a galera nessa faixa etária passa, em
especial no que envolve ser quem você se sente bem sendo; mas, ainda assim é um
filme que pode ser visto pelos adultos sem muitos problemas, já que a narrativa
também pode levá-los a uma reflexão sobre as questões que permeiam a juventude
de uma forma geral. Sem contar que é um bom entretenimento para a família.
Como último ponto, vale a consideração que,
apesar de tudo, o filme é estritamente clichê, e isso é notado em diversos
pontos. Logo, mesmo com todas as recomendações e com todos os meus comentários
pertinentes, se você for daqueles que procura por algo diferente, não se
arrisque, porque se frustrará com este filme, pois ele é óbvio desde seu
primeiro momento.
Nota: 3 de 5 voltas ao passado
Texto escrito pelo nosso Cadete Honorário, Paulo Raposo, cuja bio estará disponível em breve, pois, no momento, ele deve estar em alguma missão em outro planeta ;)
Trailer:
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