Amor até as cinzas, novo filme do diretor Jia Zhang-Ke
Datong,
China, 2001. Qiao está apaixonada por Bin, líder de um bando de mafiosos local.
Em uma briga com uma gangue rival, vendo que o amado estava numa situação
difícil e não conseguia mais se defender, ela pega uma arma e dispara para
salvá-lo. Como consequência de sua demonstração de amor, ela acaba na
prisão. Cinco anos depois, ela sai da cadeia e vai atrás de Bin para tentar
retomar o relacionamento, mas muita coisa mudou do lado de fora das grades.
Cobrindo
o período que vai de 2001 a 2017, “Amor até as cinzas” é vendido, segundo o
cartaz de divulgação, como “Uma história épica de um amor arrebatador”, um
“relacionamento perigoso, cheio de altos e baixos” que se inicia novamente
quando Qiao sai da penitenciária. O trailer também passa essa ideia. Mas de
história de amor há muito pouco nessa obra. Pelo menos da parte de Bin.
Enquanto
Qiao realmente se mostra disposta a tudo para ficar com o homem que ama, não
apenas sendo presa para livrar a cara dele, mas também atravessando o país de
trem, ônibus e barco apenas para reencontrá-lo quando é posta em liberdade, Bin
não parece se importar tanto assim com ela. A impressão é que talvez ele a
amasse antes da cadeia, mas com certeza ele não precisa mais dela depois disso
– e nem ao menos tem a decência de dizer tal coisa olhando a mulher nos olhos.
Visualmente,
o filme é belíssimo, além de trazer cenas muito bem coreografadas na primeira
parte, tanto quando o casal dança em uma casa noturna quanto quando eles
enfrentam os membros de outra gangue no meio da rua. As paisagens vastas e
tristes do segundo ato também são de encher os olhos, refletindo o estado de
Qiao nessa fase pós-prisão. Os tons escuros do terço final ilustram
perfeitamente a total falta de esperança da protagonista e a mão sombria do
destino que agarra Bin e o joga novamente nos braços da antiga namorada (mas
isso não quer dizer que haja amor ali).
O
filme vale pelas lindas imagens e pelas ótimas cenas de ação iniciais, mas daí
a dizer que é uma história de amor... não dá. Amor unilateral não é amor. A
sinopse poderia ser mais condizente com a trama. E o filme poderia ter uma
duração menor, inclusive sem apelar para o sentimentalismo no final. No geral,
acaba sendo só mediano.
Nota:
3 disparos de festim (3 de 5)
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