Obsessão: Você consegue escapar?
Após anos deixados de lado, o gênero do “Hagsploitation”
volta às telas com uma história com vários elementos genéricos, mas que são bem
conduzidos e intrigantes.
O diretor Neil Jordan é bem direto e dinâmico na hora de
apresentar uma informação importante para o desenvolvimento da trama, assim
como a apresentação das personagens, mostrando a rotina, estabelecendo seus
traumas e perdas que ajuda a criar a conexão entre Greta (Isabelle Huppert)
e Frances (Chloë Grace Moretz) de forma compreensiva e convincente, até o momento em que o diretor estabelece o ritmo tenso e desconfortante que aos
poucos toma conta do filme.


Quando o suspense se estabelece, vários elementos formulaicos são automaticamente introduzidos, como da personagem vigiar e encarar a outra do lado de fora de um estabelecimento, de uma seguir a outra de forma
persistente, e muitos desses elementos, embora genéricos, são bem encaixados no filme, fazendo o público se colocar na pele de Frances e sentir a aflição e
o desconforto dela por Greta. Um desses elementos que acaba sendo usado de
forma exagerada e não condizente e o jeito como Greta aparece de forma
inusitada nos lugares mais inesperados e impossíveis de ela estar, e essas coincidências
acabam sendo muito artificiais.
Um dos maiores méritos da direção é a forma bem trabalhada
da paranoia e desconfiança de Frances quando ela descobre a verdadeira face de
Greta, a ponto de deixar o espectador totalmente imerso na trama, causando um
frio na espinha, mas mantendo a curiosidade do público para saber até aonde vai
essa história.


Na metade do segundo ato, o roteiro apresenta varias
atitudes inteligentes de Frances em uma sequência tensa e desesperadora em que
ela tenta escapar, e mesmo algumas delas sejam totalmente estúpidas, a
construção do clima faz com que isso não seja um problema devido ao estado emocional
dela. Em um determinado ponto do filme, o roteiro cai no clichê do investigador
que está na pista certa e vai até a casa da psicopata procurar respostas, que é
totalmente previsível e nada revolucionário mas, mesmo assim, a
direção consegue construir bem o suspense em cima dessa cena. Outro recurso
utilizado é uma sequência de um sonho dentro de um sonho que no final das
contas não era um sonho, o que é totalmente descartável e um pouco expositivo,
devido ao que foi mostrado no inicio dessa sequência.


As atuações funcionam de forma superior a outras, a atuação
de Maika Monroe é a mais fraca entre todas, mas ela funciona como alivio
cômico, e sua personagem acaba tendo uma grande função na trama; já Chloë Grace
Moretz está muito boa, sua personagem é bem construída e suas reações
convencem na maioria das vezes, mas ela acaba se tornando uma sombra perto de Isabelle
Huppert, que é o grande destaque do filme. Sua personagem tem a personalidade bem estabelecida, assim como seus receios, de como ela pode ser doce e
amada se lhe derem a atenção que ela quer, mas que aos poucos, mostra sua loucura e
seus desejos perturbadores e insanos, que provocam medo no público toda vez em que
ela aparece em cena ou desaparece de forma inesperada, provocando a sensação de questionamento sobre onde ela estaria e o que pretenderia fazer.


Há um momento no terceiro ato, antes do desfecho, que seria
perfeito para finalizar o filme, e deixar a história se repetir, como foi
mostrado indiretamente, que mesmo não sendo o ponto final da historia, o seu desfecho amarra bem todas as pontas soltas deixadas no decorrer do filme.
NOTA: 8 bolsas e meia esquecidas no metrô. (8,5/10)
Trailer:
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