Turma da Mônica - Laços - Uma aventura incrível e muiiiiito bem transposta do gibi para as telonas!
Após 50 anos nos quadrinhos e nas animações, a Turma da
Mônica ganha seu primeiro live-action, Turma da Mônica - Laços, que consegue preservar bem a essência da
obra original de Mauricio de Sousa, sem parecer cartunesca ou artificial.

O diretor Daniel Rezende (“Bingo – O Rei das Manhãs”)
consegue transferir a historia dos quadrinhos (graphic novel escrita e ilustrada por Vitor e
Lu Cafaggi) para as telas, misturando o realismo com o fantástico de forma
equilibrada, equilíbrio este que ele mostra através dos cenários que apresentam uma vizinhança
comum, mas com uma paleta de cores saturadas que remetem a algo imaginário e
surreal, o que leva o público a acreditar que esse lugar pode ser real. A caracterização
dos personagens também demonstra esse equilíbrio ao mostrar a fidelidade da aparência
deles nos quadrinhos, adaptadas para uma versão real, permanecendo os traços principais
dos personagens sem muito exagero, como o cabelo do Cebolinha, os dentes da
Mônica, ou mesmo a cor verde do Floquinho.

O roteiro trabalha com o simples e o básico, e que mesmo
sendo previsível às vezes, esse recurso funciona, devido à proposta de mostrar
a inocência da juventude, e de como o simples pode ser extraordinário aos olhos
de uma criança, e o diretor consegue passar bem esse olhar, estabelecendo bem o
ritmo em todo o filme.

A personalidade de cada personagem também é bem trabalhada, são
apresentados os traços dominantes de cada um deles, mas eles não se resumem apenas a isso. Ao longo da história o roteiro desenvolve cada um dos personagens,
mostrando suas motivações, seus medos, suas determinações em ajudar e a chegar
em seus objetivos, mas de uma forma infantil e ingênua, deixando-os mais
humanos e levando o público a crer que possa existir uma Mônica, um Cebolinha,
um Cascão e uma Magali em algum lugar. Mesmo que cada um dos 4 protagonistas tenha
seu momento de destaque em tela, Cebolinha (Kevin Vechiatto) é o personagem que
tem o melhor desenvolvimento, mostrando sua determinação em resgatar o
Floquinho, mesmo que isso custe a confiança e a ajuda de seus amigos.

O diretor consegue abordar vários temas sem que um tome
conta demais da história, com exceção do tema dos laços de amizades, que é abordado em vários aspectos, mostrando o carinho e o afeto que sentem uns pelos outros, a
força de vontade de ajudar sem receber nada em troca, as decepções de quando um
magoa o outro, e de como muitas vezes fazemos sacrifícios por quem temos afeto,
e o diretor consegue transmitir isso em tela de forma comovente, emocionante e
divertida, mostrando cada um dos personagens enfrentando seus medos e superando
o orgulho para ajudar a todos, seja a Mônica (Giulia Benite) abrindo mão
do coelhinho Sansão, Cebolinha trabalhando em um plano infalível em grupo,
Cascão (Gabriel Moreira) enfrentando seu medo de água, ou Magali (Laura
Rauseo) pensando mais com a cabeça do que o estômago. A química entre os
4 personagens é bem contagiante, dando a impressão de que essas crianças são
amigos de longa data, mostrando seus altos e baixos, sua união e suas divergências,
de forma saudável e convincente, como uma amizade legitima entre quaisquer pessoas.

Em vários momentos durante o filme se nota diversas
referências à obra de Mauricio de Sousa, algumas mais discretas e que podem até passar despercebidas, outras mais destacadas, como o personagem Louco (Rodrigo
Santoro), que é introduzido no filme de modo inesperado e repentino, e mesmo o
personagem não respeitando as leis da física, o ritmo do filme continua estável
e coerente, sendo que a aparição do personagem não é gratuita, o roteiro
consegue dar a ele uma função de apresentar um tema que é abordado mais tarde
na história. Há uma referência no maior estilo Marvel que era meio de se
esperar, mas que, ainda assim, pega a todos de surpresa.

Turma da Mônica – Laços consegue emocionar, comover e causar
nostalgia no público de diversas idades, mostrando como os laços de amizade são
os mais fortes e resistentes que existem, além de ser uma grande homenagem à
obra criada por Mauricio de Sousa, imortalizando de forma definitiva seus personagens
mais queridos por ele e pelos fãs, que vêm divertindo públicos de várias gerações.
NOTA: 10 planos infalíveis.
Trailer:
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