O mistério de Henri Pick: um filme com um quê de whodunnit neonoir com reviravoltas surpreendentes
O mistério de Henri Pick, a cômica história sobre o mistério envolvendo um best-seller
escrito por um falecido pizzaiolo supostamente analfabeto tem uma premissa bem
interessante que consegue criar uma grande investigação sobre tudo isso, e que, além
de prender o publico curioso quanto à verdade por trás desse sucesso, o diretor Rémi
Bezançon consegue misturar com bastante equilíbrio o tom cômico com
elementos do gênero “noir”, que são bastante utilizados na narrativa para contar
a trajetória do protagonista Jean-Michel Rouche (Fabrice Luchini),
um apresentador de um programa de literatura e critico literário, que está em busca do
suposto verdadeiro autor do livro de sucesso.
O mistério é bem concretizado durante o primeiro ato, o
diretor apresenta os elementos que fazem com que o público acredite que Henri Pick
escondia em segredo uma alma literária, e, logo em seguida, ele já estabelece a
dúvida sobre a autoria da obra através do olhar realista de Jean-Michel, que, mesmo achando que ele é o único com a razão, o resto do mundo acredita firmemente
que Henri Pick seja o verdadeiro escritor.
Mesmo com a trajetória da investigação de Jean-Michel
sendo bem conduzida pela direção, o roteiro é bem previsível, já que os métodos utilizados
para conduzir o personagem são bem parecidos com os de outros filmes do gênero,
acrescentando um pouco de humor no ritmo para descontrair e continuar prendendo
a atenção do público na história.

O roteiro coloca Joséphine (Camille Cottin), filha de
Henri Pick, trabalhando ao lado de Jean-Michel, mas com a função de provar que
seu pai escreveu de fato a obra cuja autoria Jean questiona tanto, e, mesmo que os dois tenham o mesmo objetivo, que é descobrir a verdade por trás de todo
esse sucesso, eles têm finalidades totalmente opostas. O modo como um trata o
outro é bem confuso, dando a sensação de que ela está a favor de que Jean desmascare seu pai e exponha a suposta mentira para o público, mas na cena seguinte ela demonstra
raiva por Jean tentar sujar o nome de seu falecido pai, e mesmo depois de
demonstrar esse sentimento, ela continua acompanhando-o em suas pesquisas ,em
vez de elaborar sua própria investigação.

Outro problema do roteiro ocorre quando apresenta novamente
uma informação que foi revelada logo no inicio, e os personagens reagem com total surpresa e indignação, como se essa informação fosse algo inédito
para eles.

A direção consegue ser muito cuidadosa para não deixar que as situações
apresentadas ao longo da trama sejam totalmente expositivas, principalmente
para não repetir a mesma informação na mesma sequência,. Em vez disso, o diretor
trabalha através da montagem e da mise-en-scène a reação dos personagens a algo
que já tinha sido dito ou mostrado na cena anterior.

Mesmo com o ritmo enrolado, o filme ainda consegue manter a
atenção do espectador devido à curiosidade em saber se Henri Pick realmente
escreveu ou não o livro, e a cena da revelação, que além de ser bem dirigida,
consegue ser bem inesperada, com várias reviravoltas surpreendentes, é incrível.
NOTA: 7 pistas sobre a verdade de Henri Pick e meia.
Trailer:
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