IT — A coisa... — 27 anos depois, IT, A Coisa, Pennywise... está de volta
O que devo dizer sobre essa
história? Basicamente, os horrores acontecem, e acontecem de novo, crianças
desaparecem, e como as pessoas na cidade reagem? Adultos não fazem nada em relação
a isso. a falta de ação deles quanto ao mal é realmente aterrorizante. E também
é um mal em si. O mal que os homens fazem ao não fazerem nada. isso é algo tão
real que quase é sentido como uma dor física, pois pode servir como uma
metáfora para todos os horrores que seguem acontecendo no mundo, e a maior
parte das pessoas opta por fechar os olhos e viver suas vidas da melhor forma
como lhes é possível.
Sim, é meio estranho
começar a falar do filme assim, talvez? Eu deveria estar apresentando o filme,
falando da trama, não? Mas eu queria fazer diferente. Se você quer uma sinopse
do filme, essa traduzida do IMDB
é bem simples e vai direto ao ponto: “Um grupo de crianças que sofrem bullying
se reúnem quando um monstro, aparecendo como um palhaço, começa a caçar
crianças.” Esse texto está mais para uma tentativa de se fazer uma breve
análise do filme sem mergulhar demais no mundo sombrio dos spoilers, que
mantive em um nível superficial.

Este é um trecho que eu
traduzi do livro, e que não está no filme, mas meio que resume muito a base
para a adaptação cinematográfica em questão, transpondo para a tela os
sentimentos por trás dessa citação. [Todas as citações que traduzi/mencionei
aqui são, na verdade, do livro.]
It
– A Coisa me remeteu totalmente a Conta
comigo e Carrie, e o investimento emocional que temos nos
personagens é construído como uma fogueira que se expande lentamente e cujos
brilho e tamanho ficam cada vez maiores. Porém, o horror específico neste filme
não pode ser extinto apenas com a luz. É preciso lutar. A inocência é perdida
com o chamado do horror, e as crianças optam por não fechar os olhos, mas sim
ficar uma ao lado da outra e contar uma com a outra e lutar, tanto contra o mal
sobrenatural quanto contra o mal “humano”.
Eu sou meio que como Mike, um dos sete membros do Clube dos Otários, no
sentido de que tenho medo de palhaço. Eles são sinistros, e os adultos tendem a
achá-los sinistros demais! Eu tinha achado que eu ficaria mais com medo do
palhaço em si, mas, embora Pennywise seja assustador e Bill Skarsgård esteja
incrível no papel, o que me aterrorizou mais foi a violência entre as crianças,
e entre as crianças e seus pais. O bullying, de modo geral. O pai sinistro de Beverly.
As mentiras que a mãe de Eddie costumava contar a ele sobre suas “doenças” meio
que para colocá-lo dentro de uma bolha, mesmo que, supostamente, com o
propósito de protegê-lo, criando um medo que pode alimentar os demônios. Os
horrores da vida real.
Nós
mentimos melhor quando mentimos para nós mesmos.
― Stephen King, It
E os momentos engraçados! Sim, há muitos momentos
realmente engraçados. Não piadas forçadas, mas momentos genuinamente
divertidos. E momentos fofos. Muitos. Se você não está familiarizado com a
história, poderia pensar que eles estão criando um clima para fazer com que
você se importe com os personagens e goste deles só para sofrer mais quando
eles morrerem. Esse não é exatamente o caso aqui. Sim, você é levado a se
importar com eles e a gostar deles, mas essa não é simplesmente uma história em
que há tão somente um número alto de contagem de corpos.
Não,
o horror aqui vai muito além disso.
Este não é o típico filme em que há o assassino louco em que todos quase
morrem no final e só resta um. Não! Está mais para um filme de horror
dramático, o que, de fato, é uma nota positiva, em que, mesmo assim, não há um
final exatamente feliz, pois aquelas crianças simplesmente tiveram rasgados os
últimos fios de inocência que ainda tinham com essa experiência.
Nós somos moldados por nossas experiências. E todos os resquícios de
inocência que eles ainda tinham, se foram. Depois de tantos terrores, tanto
sobrenaturais quanto “reais”, dificilmente uma pessoa fica sem cicatrizes,
psicológicas ou físicas, quem dirá crianças...
Em meio ao horror, eles ainda têm suas vidas, não apenas problemas, mas
também vidas “normais”, até onde algo pode ser considerado normal em meio a
todo aquele horror. E é verão! Sim, este é um filme de terror filmado na maior
parte durante o dia! Brilhante!
Alguns podem dizer que nada disso é novidade. Alguns poderiam dizer que
não gostaram das partes divertidas, porque elas tiraram o horror (ou parte
dele) da experiência. Eu digo que tudo isso enfatizou o terror ainda mais. Este
não é o tipo de filme cheio de jump
scares, splatter e gore somente,
não. Está mesmo mais para um drama cheio de horror com muitas camadas, tal qual
uma cebola.
Este é um filme
sobre crescer e amadurecer.
It — A Coisa (2017) é um filme sobre
crescer, amadurecer, encontrar amigos de verdade e meio que formar uma família
fora do núcleo familiar em si. É um filme sobre perdas, e, se pararmos para
pesar a respeito, se as crianças já não sofressem bullying na escola e não
tivessem nenhum problema em casa, quer dizer, os horrores da vida real, talvez
não fossem bem sucedidas na luta contra o mal sobrenatural, não? E como isso é
triste...
É triste pensar que crianças que já estão cheias de cicatrizes
emocionais tenham que lidar com tais horrores e outros mais, e então o filme
acaba sendo realista demais. A marca registrada de Stephen King do “inferno na
vida das crianças” é um tema que, infelizmente, nunca envelhece (infelizmente
em termos do quanto isso é real), e é abordado com muita força nessa adaptação,
com excelentes atuações dos atores infantis.

Ps.: Embora não seja perfeito, It —
A Coisa chega perto da perfeição. Pontos de bônus por mostrar que “A hora do pesadelo”
estava em cartaz no cinema da cidade de Derry.
É melhor não olhar para
trás. É melhor acreditar que sempre haverá finais felizes — e, talvez, assim
eles existam; quem pode dizer que não haverá “felizes para sempre”? Nem todos
os barcos que singram pela escuridão adentro nunca mais encontram o sol, ou a mão
de uma outra criança.”
E você... Já
flutuou? Ou... Vai flutuar também? Está preparado para flutuar novamente?

Além disso, o Kinoplex também inicia hoje a venda antecipada de ingressos para o novo filme sobre o Clube dos Otários e o
palhaço Pennywise, que tem estreia marcada para 5 de setembro. As entradas para
as sessões dos dois filmes já podem ser adquiridas nas bilheterias e nos terminais
de autoatendimento dos cinemas participantes ou pelo site.
It - Capítulo 1
It - Capítulo 2
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