Legalidade, um filme de Zeca Brito
A forma como o diretor Zeca Brito retrata o movimento
liberado pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola no filme Legalidade, ocorrido em
1961, é bem didática, equilibrando o lado político e os fatos históricos,
conseguindo abordar a história do modo mais fiel possível aos acontecimentos da
época, sem que a questão política atrapalhasse a experiência do público que não entende tanto desse assunto.
Logo no início, o diretor estabelece o começo do conflito no
país, ao mostrar que a situação pode piorar muito se o governo não tomar
providencias para impedir um possível golpe, e a forma como ele conduz a
apresentação desses fatos é bem direta e clara, ao mostrar isso a partir da
visão de Brizola (Leonardo Machado), que se mostra determinado e disposto a
lutar pelo bem do povo brasileiro.
O roteiro é bem datado, em diversos momentos ele coloca
personagens debatendo sobre vários acontecimentos da época de forma forçada e
artificial, só para reforçar o ano em que eles estão vivendo. O roteiro ainda
adiciona outra linha temporal que acompanha a filha da personagem Cecília (Cleo),
no ano de 2004, em que ela tenta descobrir sobre o passado da mãe, mas poucas
informações são reveladas sobre o destino de Cecília, já que o caminho da
personagem é bem mostrado no ano de 1961, deixando muitas dascenas dessa
linha temporal descartáveis.
O diretor aproveita a existência da filha de Cecília para
criar um romance entre ela e outros personagens, mas o maior problema é que o
diretor não sabe encaixar bem esse clima romântico na trama, sempre
colocando Cecília se relacionando no meio de uma montagem mostrando o manifesto
do povo pela legalidade, onde o ritmo é de luta e mais sério, e a existência desse
romance atrapalha o ritmo.
Leonardo Machado interpreta Brizola de forma entusiasmada e
inspiradora, sempre se orgulhando de sua posição no meio do movimento, e, mesmo
que pareça artificial em alguns momentos em que seu personagem se exalta demais, o
ator ainda consegue mostrar bem seus dilemas e motivações pelo que ele esta
lutando, e, junto com a direção, mostra também o medo que ele provavelmente
sentiu em momentos extremos e desesperadores, indicando que ele tinha muito a
perder.
Cleo surpreende ao interpretar a jornalista Cecília, ela é
uma mulher segura de si, que sempre se põe na frente dos homens, capaz de desafiar
qualquer um para conseguir o que quer, e o diretor ainda cria camadas sobre a
personagem, fazendo o público se questionar qual é a posição dela no meio disso
tudo, principalmente depois da reviravolta que a enolve.
O personagem de José Henrique Libabue é bem bobo, que sempre
age no impulso sem ter noção das coisas, agindo apenas pemovido por sua paixão por
Cecília.
Fernando Alves Pinto também interpreta um personagem
pouco relevante no filme, tendo mais importância para a subtrama de Cecília do
que a e Brizola.
O discurso de Brizola no terceiro ato é bem encorajador, mas
a montagem que mostra o povo se fortalecendo contra os golpistas é fraca. O desfecho
o arco de Cecília, embora tenha deixado claro seu destino final e de outros
personagens próximos, é preguiçoso.
NOTA: 7 manifestações pela legalidade e meia. (7/10)
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