Wasp Network, um filme de grandes conflitos políticos, em uma história de grandes conflitos pessoais
Baseado na história dos “Cinco Cubanos”, o diretor Olivier Assayas (Personal Shopper e Acima das Nuvens), em Wasp Network, ele retrata esses fatos do ponto de vista desses espiões cubanos infiltrados na Flórida, ao mostrar toda essa operação por um olhar mais humano. O diretor também nos mostra como esse trabalho de espionagem funcionava, para que o público tenha noção de como eram as coisas, e quais eram os métodos que eles usavam para conseguir informações necessárias para obter sucesso em suas missões, mas o foco do diretor não reside na transformação dessa história em um filme de espionagem latino, e sim mostrar a razão e as principais motivações dos personagens para entrar com tudo nessa vida de riscos, e nisso o diretor consegue obter êxito em sua proposta para seu filme.
Para que a narrativa não se torne confusa ou cansativa, Assayas opta por dar mais foco para alguns personagens do que outros, e mesmo
com essa decisão, nenhum personagem se torna obsoleto ou descartável para a
trama, fazendo com que o caminho de um se cruze com o do outro durante a
trajetória deles, e afetando suas decisões futuras.
Os diálogos criados pelo roteiro para ajudar na interação e
nas decisões sobre participar da revolução e provocar mudanças no governo de Cuba
são bem convincentes a ponto de fazer qualquer um se interessar pela proposta
de fazer a diferença, utilizando um jogo de palavras quase persuasivas, mas com
uma suavidade na fala que deixa as palavras fluírem de forma pacífica e
interessantes. Junto com o roteiro, o diretor faz um excelente trabalho de
construção de personagens, ao colocá-los em diversas situações distintas, mas
com os mesmos fins, transformando-os ao longo de cada passo que eles dão mais para perto do conflito, e aos poucos fazem os personagens se desdobrarem das
camadas criadas sobre eles, revelando os principais interesses de cada um,
junto com sua lealdade e seus princípios morais que tornam humanos cada um desses
personagens.
René Gonzalez (Édgar Ramírez), que é o personagem que ganha
mais destaque, tem suas intenções por trás de seus atos mostradas, em relação a fazer parte dessa
revolução, as quais são as mais patriotas possíveis, e mesmo ele tendo que fazer grandes
sacrifícios para ajudar o seu país, ele nunca se rende, mostrando sempre seu
orgulho em não trair o seu povo, mesmo em situações extremas.
Mesmo sendo uma coadjuvante, Penélope Cruz tem uma grande
presença na trajetória de René, na qual ela interpreta a esposa dele,
mostrando-a como uma mulher forte e batalhadora, tendo que ficar em um país
onde tudo é fracionado, e mesmo depois de o marido tê-la abandonado para trazer
um futuro melhor para eles, ela se mantém serena, tendo que travar suas
próprias batalhas, e mesmo depois de confrontar o marido por suas escolhas, o
momento do desabafo dela é bem controlado pela atriz, mostrando a raiva da
personagem, mas ao mesmo tempo tendo um certo orgulho pelo marido por ele ter
lutado por aquilo em que ele acredita.

O personagem de Wagner Moura é provavelmente o que mais tem camadas, já que ele nunca deixa claro para o espectador suas reais
intenções no meio disso tudo, provocando divisões de opiniões do publico sobre
sua real lealdade, parecendo que ele faz tudo no impulso na última hora, mas
que se mostra um homem que sempre tem um plano a seguir para o bem de si
próprio.
O filme tem alguns problemas de edição, e a passagem de
tempo quase não fica clara na narrativa, dando a impressão de que tudo ocorreu em
um breve período de tempo, sendo que demorou anos para tudo isso se
concretizar.
Wasp Network poderia ate dar certo como um longa de
espionagem e provavelmente ser mais um entre muitos, mas o diretor vai mais
além, transformando-o em um filme de grandes conflitos políticos, em uma história de
grandes conflitos pessoais.
NOTA: 9 cubanos infiltrados em Miami.
Trailer:
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