Primeiras Impressões: It's okay not to be okay [Tudo bem não ser normal] #onNetflix é um sopro de beleza em meio a um oceano de mais do mesmo

Tudo bem não ser normal? 네, It's okay not to be okay!
Como vocês já devem ter notado por aqui, eu adoro filmes de terror, ainda mais os asiáticos, e, especialmente, os japoneses. Mas, na contramão do que muita gente faz no mês do Halloween, que é também o mês do meu aniversário, estou naquela fase em que quero menos terror e algo mais acalentador, mesmo que lide com problemas sérios sendo tratados na série ou no filme, estou mais para aquela abordagem menos pesada e que, por incrível que possa parecer vindo de mim, rs, tenha um viés um pouco mais otimista. Sim, otimista, mas não aquele otimismo nocivo que odeio, algo mais como identificar que problemas existem, que todo mundo carrega seu fardo, mas lidar com tudo isso de uma forma humana, sensível e, por que não, com até uma boa dose de sarcasmo, mas bonito, com delicadeza e emoção. E eis que é aí que se enquadra It's okay not to be okay, k-drama original da Netflix, que logo com seu primeiro episódio (e longo, como costumam ser os k-dramas, mas em que o tempo voa e você quer mais) já me conquistou por motivos diversos que já vou relacionar mais adiante.

A dupla de protagonistas tem atuações simplesmente perfeitas, no ponto, e eu já gostava do ator Kim Soo-hyun [que faz Moon Kang Tae em It's okay not to be okay] de um k-drama magnífico, porém, como bem lembrado por uma amiga, cujo final é extremamente agridoce, My love from another star. O roteiro simplesmente não é aquela coisa preguiçosa e são diversas as ocasiões em que todo o trabalho com olhares, como nesse primeiro episódio por exemplo, acaba tendo uma conexão extremamente importante com um elemento da narrativa em si.
Eu já disse que é incrível?
Há muita poesia, tanto imagética quanto em subtexto, a sensibilidade como os temas difíceis são abordados é tocante, há aquilo que parece crueldade, mas que se desdobra em algo totalmente diferente, temos uma quebra de muitos clichês que se poderia esperar, e fiquei muito feliz com essa série que me foi recomendada por uma amiga, já que ultimamente eu andava com o dedo meio podre em muitas das minhas escolhas de filmes e séries (rindo pra não chorar heheheh - vejam aqui uma das decepções mais recentes sobre a qual falei, e aguardem porque em breve falarei sobre um filme da 44a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo em que eu tive o dom de escolher um longa para o qual o adjetivo "péssimo" ainda é elogio...)

Pelo que já deu para notar com o primeiro episódio, The boy who fed on nightmares [O menino que se alimentava de pesadelos], a escritora coloca, magistralmente, dramas pessoais em histórias que parecem ter um toque aterrorizante, como os antigos contos de fadas originais, e o que é ainda mais incrível na abordagem como essas histórias são mostradas e inclusas na série, não apenas literalmente, como os livros que ela escreve, como de outras formas que estão interligadas com o tema do episódio e da série de modo geral. Pelos títulos dos próximos episódios [que são dos livros dela também], já nos preparamos para as histórias que parecem mórbidas a princípio, mas que carregam uma carga emotiva, metafórica e extremamente sublime de temas pesados em contos de fadas (ou bruxas, mas que na verdade são, como contos ancestrais, histórias admonitórias modernas...) e essa primeira me remeteu à mensagem do filme Rememory [A Máquina de lembranças] e muitas outras instâncias em que as pessoas querem de livrar de suas memórias ruins, sendo que, sem elas, não teriam como ter um equilíbrio na vida e serem felizes e almejarem a felicidade, porque precisamos de todos os tons de cinza e de outras cores nesse arco-íris da vida para sermos quem somos, pois se não houvesse o escuro da noite, como daríamos valor ao brilho do sol em uma manhã, à beleza do orvalho caído em uma planta e coisas magníficas do gênero?

Adorei esse outdoor da série dentro da própria série, um ótimo uso da metalinguagem num k-drama que é cheio deles, sem que se torne exagerado nem clichê... e tem tudo a ver esse outdoor com o momento em que estão vivendo os personagens que passam na frente dele, uma sacada fantástica!
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No Wattpad, acabei encontrando as histórias dos livros infantis de que Mun-yeong [a atriz Se Ye-Ji] é a escritora, inclusive com as ilustrações, mas aconselho a revisitá-los, nesse link aqui, apenas depois de cada episódio, visto que as histórias dos livros dela em si, além de terem belíssimas representações em forma de animação, e outros pontos que não vou detalhar para não soltar nenhum spoiler, estão integradas nas narrativas da série (que é encantadora, então sugiro que mergulhe no escuro, sem ler muita coisa a respeito, para que a experiência seja ainda mais incrível).

Apesar de ainda estar no começo, já me sinto mais do que segura para recomendar essa série, mesmo para quem não está acostumado com k-dramas, por sua singularidade, delicadeza em abordar temas pesados, cenários incríveis, interações humanas e convincentes, um trabalho de fotografia, figurino [o pessoal de Emily in Paris poderia ter algumas aulinhas com quem escolhe o guarda-roupa de Mun-yeong, que simplesmente se encaixa mais do que perfeitamente em todas as situações em que ela se encontra, desde o visual estilo uma mescla de Mortícia com Vandinha Addams até outras roupas em que ela parece mais uma modelo de passarela do que muitas modelos de outras séries...] e devo dizer que tanto a direção de arte como de atores são maravilhosas, encerrando assim esse post de primeiras impressões, que há tempos eu não fazia porque também havia tempos em que uma série não me encantava desse jeito com seu primeiro episódio.

Nota para o primeiro episódio? 5 de 5 borboletas despedaçadas que sonham em se tornarem inteiras novamente um dia...
* 네 é o ideograma para sim, em coreano ;)
Trailer:
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